O arquiteto e consultor de tráfego Flamínio Fichmann discorda da proposta. Segundo ele, o pagamento do pedágio deve ser feito da forma mais rápida possível. "Se não for uma operação rápida, vai aumentar a fila de carros e o congestionamento. A medida pode até ajudar alguns, que esqueceram o dinheiro, por exemplo, mas vai prejudicar a maioria." Segundo Fichmann, o modelo mais indicado para o pedágio é o de pagamento eletrônico. "Há estradas na Europa que não têm ninguém na cabine para cobrar." Motoristas também não chegam a um consenso sobre o projeto de lei. "Acho que é bom ter uma opção a mais para pagar. Já aconteceu comigo de esquecer de tirar dinheiro antes de sair de casa e parar em posto de gasolina para sacar, o que acho meio perigoso", diz o dentista Maurício Ramos de Almeida. "O pedágio sempre aceitou só o dinheiro. Acho que as pessoas já sabem como é", argumenta o vendedor Roberto Prado. "Acho que se permitirem o cartão, mais gente vai querer usar, e o processo vai ficar muito lento."
A Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), responsável pelos contratos de concessão das estradas, informou que não iria comentar a proposta. O Grupo CCR e a Ecovias, que administram as principais rodovias que abastecem a capital, afirmaram que vão aguardar a manifestação da Artesp.
Etapas
O projeto de Grana estipula que as concessionárias teriam que deixar disponíveis máquinas que aceitam cartão em pelo menos metade das cabines de cobrança - e as empresas teriam que sinalizá-las. O texto foi aprovado pela Comissão de Transportes e Comunicações da Assembleia no dia 8. Antes, a proposta havia passado pela Comissão de Constituição e Justiça em 13 de junho. Para virar lei, o texto ainda precisa ser votado em plenário e, depois, ser sancionado pelo governador.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 13 de agosto de 2012