A KPMG apresentou um recorte dos dados nacionais do Gaes 2017, pesquisa global com mil executivos de alto escalão da indústria automotiva divulgada em janeiro. Os números do levantamento comprovam que, ainda que o Brasil não seja um grande polo de desenvolvimento do ponto de vista global, o mercado nacional é vanguardista quando o assunto é tecnologia. Os profissionais entrevistados localmente demonstraram expectativa acima da média acerca do avanço da conectividade e da autonomia nos carros.
Mais de 97% dos executivos concordaram parcial ou totalmente que, até 2025, os produtos e serviços agregados serão critérios importantes no momento em que o consumidor vai comprar um veículo, aspectos que vão gerar valor. “Esse número salta aos olhos na comparação com o resultado global, que foi de 76%”, aponta Ricardo Bacellar, diretor da divisão automotiva da KPMG no Brasil.
Outra conclusão do Gaes 2017 é que o automóvel conectado vai sustentar o modelo de negócio da indústria nos próximos anos. Dos entrevistados no Brasil, 75% concordaram que os modelos com a tecnologia têm potencial para gerar 10 vezes mais receitas do que os carros analógicos.
Ainda que os líderes do setor automotivo tenham indicadores do novo horizonte para a indústria, Bacellar enfatiza que o caminho para esta evolução é nebuloso. “Os executivos da indústria percebem tendências, mas ainda não sabem ao certo como esta evolução vai acontecer”, diz.
Mesmo sem rumos claros, a transformação tende a ser rápida, aponta. “Toda disrupção é exponencial, vem de uma hora para a outra.” Neste processo, ele projeta que as empresas do setor automotivo passem por uma série de fusões e aquisições, como já aconteceu em outros setores que enfrentaram momentos semelhantes.
Bacellar admite que o processo de transformar o modelo de negócio é desafiador, mas entende que este é o único caminho possível para o setor automotivo. “Mudar uma indústria que teve sucesso por mais de 100 anos é difícil, mas o setor não pode ficar parado e repetir o que aconteceu no segmento de telecomunicações”, diz, lembrando das empresas que ficaram inertes enquanto uma série de aplicativos de comunicação, como WhatsApp e Facebook, conquistaram espaço entre os consumidores.
Fonte: revista Automotive Business, 01/02/2017