Partindo do Terminal Bandeira, no centro, o futuro corredor da 23 de Maio também passará pelas Avenidas Rubem Berta, Moreira Guimarães, Washington Luís, Interlagos e Teotônio Vilela e terminará no Largo do Rio Bonito, na zona sul. O percurso total, de cerca de 20 km, será feito em um modelo de corredor chamado de BRT - na sigla em inglês, transporte rápido de ônibus -, que já funciona há vários anos em Curitiba e Bogotá, na Colômbia.
Os corredores expressos preveem áreas restritas para que os coletivos possam fazer ultrapassagens, permitindo que alcancem uma boa média de velocidade. Além disso, a distância entre as paradas costuma ser maior que a dos corredores convencionais, o que igualmente contribui para a fluidez.
O secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, disse ontem (5) ao jornal O Estado de S. Paulo que também estuda alterar a forma como as pessoas pagarão a passagem nesse ramal, que ocupará o canteiro central das vias. "A ideia é fazer a bilhetagem antes de elas embarcarem." As catracas devem ficar fora dos ônibus, nas paradas.
Bairro a bairro
Outro corredor que deve sair do papel, o da Avenida dos Bandeirantes, vai ter 16 km e ligar a região da Marginal do Pinheiros, na zona sul, ao Terminal Vila Prudente, na zona leste. Será o principal eixo de transporte público a unir essas duas regiões de forma perimetral, o que significa ir de um bairro a outro sem passar pela região central, desafogando-a.
Outra avenida do minianel que, no plano de Tatto, passará a ter um corredor perimetral é a Salim Farah Maluf, na região do Tatuapé, zona leste. Com 8 km de comprimento, ele sairá de perto da Rodovia Presidente Dutra e desembocará no Terminal Vila Prudente, onde há uma estação do Metrô, na Linha 2-Verde. Outra, de monotrilho, deve começar a funcionar no ano que vem.
O engenheiro Sergio Ejzenberg, mestre em Transportes pela Universidade de São Paulo (USP), aposta que a construção de corredores e terminais é uma saída para melhorar as condições do transporte coletivo. Mas acredita que um corredor na Avenida dos Bandeirantes talvez não seja prioridade
Crescimento
São Paulo tem atualmente 130 km de corredores e 29 terminais. A meta da gestão Fernando Haddad é fazer 150 km de corredores de ônibus e 13 terminais até o fim de 2016. O corredor da 23 de Maio deve ser entregue em três anos.
Novas faixas vão dividir espaço com ciclovias
Os novos corredores de ônibus de São Paulo vão incluir ciclovias em seus trajetos. Mas os caminhos para os ciclistas não ficarão no canteiro central das avenidas e sim perto de suas calçadas. O secretário dos Transportes, Jilmar Tatto, afirmou que os postes de iluminação e sustentação dos fios serão removidos para permitir que a faixa seja feita.
"Visualmente, não é legal você ter ciclovia no canteiro central. Então, em princípio, estamos descartando. Pode, eventualmente, ter em alguns casos", disse o secretário. "Há uma determinação do prefeito para, onde der, enterrar a fiação, consertar a calçada e fazer essa integração com as bicicletas."
Radial Leste
O corredor da Radial Leste, entre a região central e o bairro de Itaquera, na zona leste, também terá um projeto de ciclovia. Ainda não está claro se ele se incorporará à via para bikes já construída pelo Metrô em um trecho da avenida. Prometida há anos, a obra desse corredor está atrasada por causa de uma decisão judicial. A Prefeitura prevê iniciar a obra em março.
Tatto afirmou ontem (4), na audiência pública para a concessão do sistema de ônibus, que prevê uma alteração na bilhetagem. A Prefeitura estuda criar um bilhete único especial para policiais, carteiros e oficiais de Justiça, para que eles não desçam mais pela frente. Mas é preciso saber quantos passageiros dessas categorias usam ônibus. "Frota terá de ser acessível até 2014"
Até o fim de 2014, todos os ônibus terão de oferecer acessibilidade a deficientes físicos. A obrigatoriedade, estipulada em decreto federal, será cobrada pela secretária especial da Pessoa com Deficiência, Marianne Pinotti. Em entrevista à TV Estadão, ela disse que São Paulo está no caminho certo, mas, por enquanto, só alcançou metade do índice. Hoje, 8,9 mil veículos dos 15 mil estão adaptados.
"Há outros problemas: as pessoas precisam chegar até o ponto de ônibus e as interligações com metrô ou trem são feitas em estações não completamente acessíveis", disse a secretária, que buscará parceria do Estado.
Para acelerar uma reforma ampla no calçamento público, a secretária defende ainda uma mudança na atual legislação que impõe multa ao contribuinte que não faz manutenção de sua calçada. Para Marianne, a autuação não deveria ser imediata, como ocorre hoje. "Dessa forma, ele poderia usar o dinheiro para arrumar a calçada", disse.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 5 de fevereiro de 2013