Segundo ela, a intenção é mostrar que a cidade São Paulo pode ter uma legislação que trate a questão de vagas de estacionamento pelo critério do máximo de vagas, e não do mínimo. Hoje a legislação de parcelamento, uso e ocupação do solo exige uma quantidade mínima de vagas em função do tamanho e do tipo de empreendimento.
O projeto-piloto, inspirado em práticas nos Estados Unidos, está sendo desenvolvido no prédio CENU-WTC, que fica na região das avenidas Nações Unidas e Luís Carlos Berrini.
"Essa área foi escolhida porque tem uma das maiores concentrações da cidade de pessoas dirigindo sozinhas em um carro", justificou Andréa.
A ideia é que os trabalhadores do prédio passem a usar meios alternativos de transporte. Para isso, será criado um Plano de Mobilidade.
No local, circulam 6.000 funcionários de 80 empresas, das quais 23 já aderiram ao projeto, segundo a analista.
Os funcionários e as empresas passarão a usar alternativas como ônibus fretados compartilhados, transporte público e bicicletas. "Foi verificado no projeto que muitas pessoas não vão para seus trabalhos de bicicleta apenas porque não há chuveiros na empresa. Isso será resolvido", disse.
Segundo Andréa, o objetivo é mostrar que um grande prédio, com um grande estacionamento, pode reduzir sensivelmente sua necessidade de vagas de garagem na cidade de São Paulo.
Ela citou a legislação do Estado de Washington (EUA), que determina que os governos locais de áreas urbanas desenvolvam programas parar reduzir viagens motorizadas com um ocupante e milhas percorridas por veículo, como a exigência apenas de vagas máximas. Empresas com cem ou mais funcionários têm de desenvolver seus planos para reduzir número de viagens e de milhas percorridas.
Dificuldades
O presidente do CBCS (Conselho Brasileiro de Construção Sustentável), Marcelo Takaoka, reconhece o problema do excesso de vagas estacionamentos na cidade de São Paulo e cita o dado de que já existem empreendimentos residenciais com espaço total para estacionamento que equivale a 50% da área privativa dos apartamentos.
"Isso estimula o uso de carros e, por consequência, toda uma série de problemas ambientas e de tráfego", apontou.
Porém, Takaoka ressalta que o incentivo a meios alternativos na cidade só vai funcionar quando o sistema de transporte de público for muito eficiente. "Há estudos que mostram que, em algumas condições, já é mais barato usar um carro flex popular do que um ônibus circular. O transporte público precisa melhorar para ser mais atrativo."
Fonte: Folha de S. Paulo, 28 de setembro de 2012