De acordo com a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), no ano passado 80% da receita dos shoppings brasileiros teve origem na cobrança do aluguel. O faturamento com estacionamento representou 12% da receita, enquanto ações de merchandising participaram do bolo com apenas 6%. "A minha previsão é que o merchandising vai aumentar de importância, assim como serviços adicionais", diz Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da GS&BW. Marinho é também jurado da edição latino-americana do concurso promovido pela ICSC.
Concorda com Marinho o superintendente do Boulevard Shopping Belo Horizonte, Daniel Vieira. Ele venceu duas categorias do concurso da edição latino-americana do ICSC. Levou ouro na categoria "aperfeiçoamento do NOI" (Net Operate Income, receita líquida operacional) com o projeto "Natal de Casa Nova", em dezembro do ano passado. Nesse projeto, o shopping fez uma permuta com a construtora Habitare.
A construtora utilizou um espaço de cem metros quadrados do shopping para montar um apartamento decorado de um empreendimento construído próximo ao centro de compras. Em troca, o shopping ganhou um apartamento mobiliado no valor de R$ 300 mil, que foi sorteado no Natal para os clientes que gastassem R$ 400 em compras nas lojas do estabelecimento.
O shopping, que tem 95% da receita gerada pelo aluguel das lojas, também começou a locar o estacionamento para uma concessionária de veículos, que realiza feirões de automóveis. "Não tem como não depender do aluguel das lojas. O negócio é esse. Mas podemos ajudar os lojistas com ações como essa, além de buscar segurar o valor do condomínio com ações de economia de energia elétrica, por exemplo."
Segundo ele, potencializar o merchandising dentro do shopping é uma importante ação para elevar a receita. "Isso está aumentando mais. Aqui recebemos 1 milhão de clientes por mês. Se uma indústria fizer uma ação promocional no shopping, o produto dela será exibido para 1 milhão de pessoas. É muito significativo."
"É possível que alguns shoppings tenham de começar a negociar reduções importantes. E isso vai aumentar a importância da busca por novas fontes de receita. Os shoppings estão bastante preocupados em buscar fontes de renda", afirma Marinho.
Fonte: Valor Econômico (SP), 28 de novembro de 2013