Segundo a Prefeitura, foram justamente a necessidade de superar essas contradições e deixar um legado para São Paulo os critérios para escolher a região. A previsão é a de que o estádio e a abertura da Copa gerem um acréscimo de R$ 30 bilhões ao Produto Interno Bruto (PIB) do município em dez anos, levando a Prefeitura a arrecadar R$ 1 bilhão em tributos.
Para melhorar a infraestrutura da região, estão previstas parcerias com o governo do Estado. Algumas obras do Complexo Viário do Polo de Itaquera, como a construção de novas vias, começaram em setembro, com um investimento total de R$ 478,2 milhões - R$ 345,9 milhões do governo e R$ 132,3 milhões da Prefeitura.
Além disso, a Prefeitura prevê gastar mais R$ 131 milhões com as obras de prolongamento da Radial Leste, parte do plano de desenvolvimento da região, com benefícios para os distritos de Itaquera, Penha, São Miguel e Guaianases.
Segundo especialistas ouvidos pelo Estado, mais do que estádios e novas obras viárias, São Paulo precisa pensar em um plano maior, mais estratégico, para que a Copa deixe de fato um legado. Para o engenheiro e mestre em Transportes pela USP Sérgio Ejzenberg, é errado dar prioridade a investimentos que não beneficiam a população. "A decisão de fazer obras para estádios é deplorável. O acesso a estádios não vai mudar a vida de pessoas que precisam de saúde e educação."
Após o anúncio da Copa no Brasil, a Prefeitura criou um plano de desenvolvimento da zona leste, que prevê a criação do Polo Institucional de Itaquera - com a construção de uma rodoviária, um Fórum Regional da Justiça, um pavilhão de exposições e um centro de convenções. Além disso, haverá hotéis, laboratórios e incubadora do Parque Tecnológico de São Paulo. Unidades do Senai, uma Fatec e uma Etec também serão instaladas.
O urbanista Gilberto Belleza chama a atenção para a importância da organização na preparação de um grande evento que afeta a vida da população. "É preciso pensar em questões como mobilidade, transporte público, o impacto urbano que um evento de grande porte vai trazer, a quantidade de estacionamentos disponíveis. Tudo precisa ser adaptado."
Fonte: O Estado de S. Paulo, 27 de outubro de 2012