Em todo o mundo, segundo estimativas do setor, a frota poderá chegar a 3 bilhões de unidades em 2050. Essa expansão, no entanto, tem também seus inconvenientes. Os veículos automotores são um dos principais agentes na emissão de gases de efeito estufa, que provocam o aquecimento global.
As montadoras, por sua vez, não ficaram paradas. Nos últimos anos, lançaram-se em uma corrida para criar novas tecnologias para um mundo mais sustentável. Os carros que circulam hoje são dotados de motores muito mais eficientes e emitem menos gases tóxicos que seus precursores. E a busca por alternativas mais sustentáveis deve ser contínua e abrangente.
Selo de eficiência
Um exemplo de uma nova solução com um amplo impacto econômico e ambiental é a etiquetagem de pneus, uma tendência que vem ganhando força por todo o mundo. Assim como aconteceu com os eletrodomésticos, os pneus recebem um selo de eficiência. A partir de novembro deste ano, todo pneu comercializado na União Europeia deverá conter essa etiqueta, classificando três itens: resistência ao rolamento, emissão sonora e aderência a piso molhado. Representantes do bloco estimam que essa iniciativa trará, apenas na região, uma economia entre 2,4 e 2,6 milhões de toneladas equivalentes de petróleo até 2020.
Na Coreia do Sul, semelhante regulamentação entrará em vigor a partir de dezembro deste ano. Estados Unidos e Japão já adotam sistemas similares e espontâneos de etiquetagem de pneus.
No Brasil, o Inmetro está conduzindo o Programa Brasileiro de Etiquetagem de Pneus, que deverá seguir o padrão europeu e entrar em vigor gradativamente a partir de 2014, de modo compulsório.
Com isso, ganha o consumidor, que poderá enxergar o produto pneu não mais apenas como um círculo de borracha preta, mas ele terá critérios objetivos de avaliação quanto à eficiência, qualidade e durabilidade do produto, e com base nisso, definir sua escolha de compra. Na prática, essa etiqueta vai servir para mostrar ao consumidor o porquê de pneus, aparentemente iguais, apresentarem preços diferentes. É que, na verdade, o pneu que custa um pouco mais fará menos barulho, precisará de uma distância muito menor para frear, de forma mais segura, e vai proporcionar economia de combustível, além de ter uma vida útil mais longa.
Pneu verde
Em média, entre 20% e 30% do consumo de combustível em um automóvel, bem como 24% das emissões de CO2, são atribuídos aos pneus. Os pneus de alto desempenho, também conhecidos como pneus "verdes", podem economizar cerca de 1 litro a cada 100 km rodados ao longo de sua vida útil. Aumentar o rendimento do veículo nesta proporção pode parecer pouco, mas, aplicado à frota mundial, esse ganho significa uma economia de bilhões de litros de combustível.
Se todos os pneus no mundo hoje fossem "verdes", ou seja, de alta performance, o resultado seria uma economia anual de 20 bilhões de litros de combustíveis e uma redução de cerca de 50 milhões de toneladas nas emissões de CO2 à atmosfera.
É positivo o fato de o automóvel, mais de 120 anos após a sua invenção, ser uma alavanca de tecnologia e crescimento. E deve haver uma convergência fundamental da tendência para veículos mais econômicos, ecológicos e com mais conectividade com o mundo, sem, entretanto, envolver sacrifícios em termos de segurança e conforto.
Nesse cenário, com vistas a proporcionar uma melhor qualidade de vida a nós e futuras gerações, todos os atores da cadeia automotiva devem atuar, investindo continuamente em pesquisa e desenvolvimento de soluções inovadoras e de menor impacto ao meio ambiente, tendo como foco a mobilidade verde.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 29 de outubro de 2012