Em horários e pontos mais críticos, a velocidade dos veículos pode ser inferior à de bicicletas e igual à de carroças, um reflexo do excesso de automóveis nas vias públicas, não só da cidade, mas na maioria dos grandes centros urbanos do mundo. A constatação é de um levantamento da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego da capital paulista) do ano de 2006, noticiado pelo jornal Folha de S. Paulo.
Segundo o relatório da CET, em algumas avenidas movimentadas, a velocidade alcançada pelos carros é, em média, 9,7 quilômetros por hora no horário de "rush" - das 7h às 10h e das 17h às 20h. Outras avenidas tão movimentadas quanto essa obtém velocidades não muito superiores nessa hora - algumas permitem velocidades de cerca de 11 quilômetros por hora, em média. De acordo com o jornal, uma bicicleta, num ritmo conservador, anda a 15 quilômetros por hora e uma carroça, a 8 quilômetros por hora. Uma caminhada tranqüila, a pé, atinge 5 quilômetros por hora.
Consumo consciente no trânsito
O resultado da medição da CET pode ser encarado como um fator de estímulo ao consumo consciente. Um carro consome combustível mesmo estando parado no trânsito, e a queima desse combustível resulta em uma grande quantidade de gases (incluindo o gás carbônico (CO2), principal responsável pelo aquecimento global) e partículas tão pequenas que são prejudiciais ao ser humano, quando inaladas.
De acordo com Alfésio Luís Ferreira Braga, pediatra e epidemiologista ambiental do Laboratório de Poluição Atmosférica experimental da Universidade de S. Paulo, na capital paulista ocorrem cerca de 8 mortes por dia relacionadas a poluentes do ar, originários, principalmente do escapamento dos veículos. Ainda segundo ele, a poluição é a causa de 18% a 24% das internações de crianças na cidade.
Além do sistema respiratório, a poluição causada pelos carros causa danos também aos sistemas cardio-circulatório (aumento da pressão arterial e do risco de infartos nos dias mais poluídos) e muco-ciliar (inflamações na garganta) e até na genética humana (câncer).
Isso gera uma necessidade de internações e tratamentos de doenças provocadas pela poluição, onerando o sistema público de saúde e impedindo que outros investimentos do governo possam ser feitos em outras áreas. Cabe lembrar que o dinheiro utilizado pelo governo em serviços e obras públicas é pago por todos, por meio dos impostos.
Alternativas para o consumidor
Por outro lado, se o cidadão dá preferência aos transportes coletivos, como ônibus, metrôs e trens, ou escolhe dar ou receber carona, ele diminui o número de carros na pista e consegue se transportar com maior velocidade, em alguns casos.
Além disso, contribui para que seja consumida uma menor quantidade de combustível por pessoa locomovida, aumentando a eficiência do transporte e reduzindo a concentração de CO2 na atmosfera - a solução para o problema do aquecimento global. Caminhar ou andar de bicicleta, quando possível, são alternativas menos poluentes e mais saudáveis.
Além da redução do uso de automóveis particulares, a boa manutenção da parte mecânica dos carros pode contribuir muito para resolver os problemas de poluição do ar. Para exemplificar, Braga lembra que, nos anos 90, a taxa de mortalidade era de 12 a 13 pessoas por dia. Segundo ele, isso mudou quando a legislação ambiental passou a exigir, a partir de 1998, que os carros saíssem das fábricas com tecnologias que reduzissem a quantidade de poluentes emitidos.
Fonte: Site Akatu pelo consumo Consciente, 12 de janeiro de 2007