Mas qual seria, então, a solução do urbanista para esse problema? E quais seriam as alternativas?
Professor que estuda o problema há muitos anos, Cândido Malta propõe uma alternativa que, segundo ele, pode ser implantada em quatro meses. A ideia é restringir a circulação de automóveis no centro expandido de São Paulo, a mesma área onde vigora hoje o rodízio de veículos.
Para o professor, a melhor forma de isso funcionar é mexer no bolso de quem usa carro: é o pedágio urbano, uma medida que grandes cidades como Londres, Estocolmo e Milão já adotam.
Mas como funcionaria o pedágio urbano?
Se pedágio urbano já estivesse em vigor, seria assim: para atravessar uma ponte na Marginal Pinheiros, onde começaria a área do centro expandido, o carro teria que pagar. Um aparelhinho instalado no para-brisa emite um sinal para um sensor do lado de fora - no viaduto ou no poste. Esse sensor faz a cobrança eletrônica, como já é feito hoje em algumas rodovias do país. Pela proposta, o valor do pedágio seria de R$ 4 e o dinheiro arrecadado seria usado para ampliação das linhas do metrô.
Até que a cidade tenha linhas de metrô suficientes para melhorar a circulação das pessoas, o professor propõe que micro-ônibus, confortáveis e com ar-condicionado, como os que são usados em Porto Alegre, façam o transporte de quem deixou o carro em casa.
"Eu estimo, em uma avaliação preliminar, cerca de 3 mil micro-ônibus. Então, se você tira 450 mil carros e no lugar põe 3 mil, veja a grande vantagem que é essa substituição", destaca.
O professor de transporte público Jaime Waisman defende um conjunto de medidas para atacar os congestionamentos em São Paulo. Ele concorda com a restrição de horários para a circulação de automóveis e caminhões e diz que São Paulo tem que multiplicar por cinco a quantidade de corredores de ônibus.
"Você tem que ter velocidade no transporte público, tem que reduzir o tempo de deslocamento e tem que dar prioridade para ele, para que ele não fique preso nos congestionamentos. Aí você traz o usuário do automóvel. E o corredor pode fazer isso, um bom corredor certamente fará isso", avalia.
Para o secretário dos Transportes, Marcelo Branco, só corredor não funciona e São Paulo ainda não está preparada para o pedágio urbano. Por isso, para ele, a melhor a medida agora é a restrição de horário para os caminhões. "É preciso lembrar que, quando você aumenta a velocidade da cidade como um todo, diminui os congestionamentos, o transporte público lucra muito com isso", afirma.
Fonte: Jornal Nacional (Rede Globo), 9 de março de 2012