Os números divulgados dia 7 de outubro pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostram que as montadoras continuam renovando níveis históricos. No campo do emprego, por exemplo, a ocupação no setor registrou em setembro o maior patamar em quase 20 anos, com 134,020 mil pessoas empregadas.
O número é o maior desde janeiro de 1991, quando 136,120 mil pessoas trabalhavam na fabricação de veículos.
Apesar do volume de vendas histórico no Brasil, as montadoras ainda se queixam da perda de fatias de mercados no Exterior, que tem sido acompanhada por um aumento da penetração de importados no Brasil. Em 2010, as exportações ainda estão um pouco abaixo dos volumes enviados ao Exterior antes da quebra do Lehman Brothers e o presidente da Anfavea, Cledorvino Belini, disse que ainda resta "muito a fazer" para retomar níveis auferidos no passado recente. Durante entrevista coletiva, o executivo argumentou que, com a lentidão na retomada das economias desenvolvidas no pós-crise, o pujante mercado brasileiro se tornou um ponto de absorção do excesso na oferta mundial de veículos.
Diante de um real valorizado, as montadoras de fora encontraram o ambiente propício para morder 18,1% do mercado brasileiro neste ano, com destaque para a entrada dos veículos do Mercosul e da Argentina, que contam com isenções fiscais garantidas por acordos comerciais.
Segundo a Anfavea, a presença dos importados no mercado nacional cresce desde 2005, quando esses veículos respondiam por 5,1% do total vendido no Brasil. Por outro lado, também em cinco anos, a parcela da produção brasileira dedicada às exportações caiu de 30,7% para 14,6%.
Nas contas da entidade, a cadeia automobilística - incluindo autopeças - deverá acumular um déficit comercial de US$ 5,5 bilhões neste ano, sendo US$ 3,8 bilhões já registrados até agosto.
Essa situação ocasiona um descompasso entre a posição do Brasil como mercado e como produtor de veículos, em que o País ainda está na sexta colocação entre os maiores do mundo. Embora tenha um mercado doméstico inferior, a produção das montadoras alemãs supera em 60% a brasileira. O ponto é que as exportações do Brasil equivalem a apenas 17% de tudo que a Alemanha manda para fora em veículos.
Fonte: jornal Valor Online, 7 de outubro de 2010