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Os alimentos voltaram a pressionar a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que avançou 0,45% em setembro. Os produtos alimentícios reverteram a deflação de 0,24% em agosto e avançaram 1,08% em setembro, contribuindo com 0,24 ponto percentual para o resultado do índice no mês. Apesar do maior impacto dos alimentos, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou aceleração em oito dos nove grupos que compõem o IPCA, destaca o Valor Online.
Mesmo com o avanço da inflação em oito grupos, a gerente de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, ponderou que não houve uma alta generalizada, já que dentro de cada grupo houve pressões fortes de produtos específicos. Desta forma, habitação passou de 0,23% em agosto para 0,40% em setembro por conta da alta de 4,15% das tarifas de água e esgoto em São Paulo no dia 11 de setembro; o vestuário passou de 0,17% para 0,45% na mesma comparação devido à chegada da nova coleção ao mercado; os transportes saíram de uma deflação de 0,09% para uma alta de 0,13% em decorrência da alta de 7,58% das passagens aéreas; e as despesas pessoais subiram de 0,20% em agosto para 0,34% no mês passado devido ao salto de 0,03% para 0,55% dos empregados domésticos.
"Não foi um aumento generalizado. Em todos os grupos houve produtos pontuais. O que explica o resultado de setembro é basicamente o desempenho dos produtos alimentícios", disse Eulina. E a principal pressão para o crescimento dos preços dos alimentos em setembro veio do setor externo. A seca em importantes produtores agrícolas - como a Rússia, que chegou a proibir a exportação de trigo - interrompeu três meses seguidos de deflação nos alimentos. Com isso, produtos como açúcar cristal, que caiu 0,06% em agosto e subiu 5,66% em setembro; óleo de soja, que passou de alta de 2,67% para 5,47% no mesmo período; e as carnes, que avançaram de 2,11% para 5,09%, mostraram forte aceleração de preços no mês passado, dentro de um grupo, alimentos e bebidas, que responde por 22,5% do IPCA.
"Já havia pressão de commodities no exterior, mas em setembro essa pressão chegou ao consumidor no Brasil", explicou Eulina. "Dá pra dizer que grande parte da causa dessa inflação é externa, com problemas climáticos e repercussão no mercado interno", reiterou, lembrando que a alta de 0,50% acumulada pelo IPCA no segundo trimestre é explicada basicamente pelo resultado de setembro, depois de avanços de 2,06% no primeiro trimestre e de 1% no segundo trimestre.
Na inflação acumulada entre janeiro e setembro, que atingiu 3,60%, os alimentos também apresentam o maior impacto, com alta de 4,61% e impacto de 1,04 ponto percentual, ou um terço do IPCA. Entre os maiores impactos individuais da inflação no ano estão produtos ligados à expectativa da inflação, com colégios, com 6,64% de alta e impacto de 0,32 ponto percentual; empregado doméstico, com 8,24% e impacto de 0,28 p.p.; e ônibus urbano, com alta acumulada de 7,16% e impacto de 0,27 p.p.. No total, 27 produtos contribuem com 3,10 pontos percentuais e explicam 86% da inflação no ano.
Em contrapartida, há outros produtos que impediram um aumento maior do IPCA. O etanol caiu 9% desde janeiro, a gasolina ficou 0,52% mais barata, os veículos novos viram uma redução de preços de 0,73%, os usados recuaram 1,86% e as passagens aéreas acumulam baixa de 6,36%.
Para outubro, a única pressão já conhecida é a tarifa de água e esgoto em São Paulo, com um resíduo do aumento de 4,15% de 11 de setembro.
Fonte: jornal Valor Online, 7 de outubro de 2010

Categoria: Geral


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