Na medida em que aumenta a demanda a tendência é subir o preço do estacionamento, alerta o especialista em tráfego, Archimedes Raia Júnior. "Num primeiro momento, a administração pode transferir o estacionamento das principais vias para ruas paralelas e fazer fluir o tráfego. Incentivar a iniciativa privada a abrir novas vagas é uma opção."
A cobrança do estacionamento é uma maneira de "forçar" a população a não transitar, sem necessidade, por locais que apresentam problemas, explica o especialista. "A pessoa vai começar a pensar se é vantajoso. Em São Paulo, a maioria da população usa o transporte coletivo. Mas a quantidade de veículos e pessoas ainda é maior do que o tráfego suporta, por isso a situação caótica."
Na cidade de Lins, por exemplo, a frota cresceu assustadoramente e hoje há um carro para cada dois moradores. As vias existentes se tornaram insuficientes e há necessidade de ampliação de vias, o que implica altos investimentos. Raia Júnior aposta que o transporte coletivo resolveria o problema. "As pessoas ainda estão utilizando o carro porque encontram facilidades no sistema viário. A partir do momento que elas tenham que desembolsar dinheiro e enfrentar congestionamentos, vão optar pelo uso do transporte coletivo."
Para a população migrar para o ônibus é preciso melhorar a qualidade do veículo e criar dificuldades para o uso do automóvel, receita Raia Júnior. Na opinião dele, para solucionar os problemas de fluidez do trânsito nas metrópoles é preciso coragem política. "Para tomar uma atitude desse porte é preciso muita coragem, por isso o problema vem sendo empurrado com a barriga. São Paulo está no limiar do caos." Ele acha que um dia, mais cedo ou mais tarde, será preciso tomar uma atitude na Capital. "No Interior a situação é menos crítica, mas se começasse agora não chegaria ao ponto que chegou São Paulo. Em Londres, foi adotado o pedágio urbano para resolver alguns gargalos do trânsito. O resultado é que o motorista procura rota alternativa para não ter que desembolsar dinheiro para transitar dentro da cidade. Com a rota alternativa corre-se o risco de mudar o problema de lugar, mas se o município tem uma reserva de capacidade por outras vias é só desviar o tráfego que melhora a fluidez."
Fonte: Jornal da Cidade (Bauru-SP), 3 de outubro de 2010