Sem possibilidade de recorrer a reformas e ampliações, moradores de edifícios antigos têm se adaptado a essa realidade com uma medida já adotada em imóveis comerciais - os estacionamentos verticais automatizados. O sistema, que empilha um veículo sobre o outro por meio de plataformas hidráulicas, pode, dependendo da área disponível, multiplicar por três o número de carros de um condomínio. A criação de estacionamentos verticais é um negócio em expansão. Atualmente a cidade tem em torno de 4.000 vagas com essas características distribuídas entre 40 empreendimentos, novos e antigos. Nos prédios residenciais, a demanda cresceu 20% nos últimos dois anos. Só nas avenidas Delfim Moreira e Vieira Souto, no Leblon e em Ipanema, há neste momento 25 edifícios negociando a instalação dos módulos automáticos.
Tamanha procura pode ser explicada pela mudança no estilo de vida das classes com maior poder aquisitivo. Nos anos 60 e 70, era comum famílias abastadas terem apenas um carro. Hoje são dois, três e até quatro veículos por apartamento. "Não são raros os casos de imóveis de quatro quartos rejeitados pelos compradores porque têm apenas uma garagem", explica Roberto Kreimer, diretor da Easy Parking Solutions, especializada nessas plataformas. O investimento para conseguir uma vaga suspensa não é pequeno. Pode variar de 18.000 a 25.000 reais por unidade. Apesar do preço, quem adotou a solução costuma ficar satisfeito. Há quatro meses, José Luís Volpini, síndico de um prédio da Avenida Vieira Souto, concluiu a instalação do sistema em seu condomínio. Os cinco apartamentos, que antes tinham dois pontos de estacionamento cada um, agora possuem três. Tal expansão foi possível em razão do pé-direito alto, uma característica comum às edificações antigas. A novidade acabou também com a lotação de carros, facilitando as manobras no estacionamento. "Até quem não precisava de mais espaço gostou do resultado", diz o síndico. Detalhe crucial para os períodos de apagão: graças a um dispositivo mecânico, os elevadores funcionam mesmo com a falta de luz.
Fonte: Revista Veja Rio, 01 de junho de 2011