Parking News

É no trânsito e nos estacionamentos que mais falta civilidade, segundo 57% dos 1.927 internautas que responderam a uma enquete no portal do Estado, entre terça e sexta-feira. Desrespeito à sinalização, excesso de velocidade, discussões entre condutores são algumas das situações cotidianas apontadas. 

O transporte público aparece em segundo lugar, com 20% dos votos. Isso graças à lotação de trens, ônibus e metrô, de motoristas que não param no ponto, de passageiros que entram sem antes deixar sair e de espertinhos que ocupam assentos reservados a idosos, gestantes e deficientes.

Entre outros tantos casos relatados pelos internautas. Para 83% deles, falta civilidade - destes, 42% disseram ser vítima disso diariamente.  Para o publicitário Wilson Mateos, é difícil a tarefa de procurar espaço para estacionar na cidade de 5,6 milhões de carros para 31 mil vagas de Zona Azul. "Não gosto de encrenca, prefiro procurar outra vaga."

A disputa por espaço vai além dos estacionamentos. "Moro numa rua estreita, de muito trânsito, e toda manhã custo a sair da garagem, pois não me dão passagem", diz Claudio Pupo Amorim, de 57 anos. Às vezes, prefere o ônibus e fica indignado com jovens fingindo dormir para não dar lugar aos mais velhos. 

De nada adiantam leis. "Atravessava na faixa de pedestre com meu filho de 7 meses no carrinho, quando um carro passou no farol vermelho", diz o economista Cassio Franco Ribeiro, de 33 anos.

A socióloga Alessandra Olivato, autora de tese sobre espaço público e civilidade em São Paulo, diz que a raiz do problema está na falta de entendimento do que é público, onde todos têm direitos iguais, e privado, onde prevalece a lógica particular. "No Brasil, é histórico o uso de privilégios em benefício privado."

Ela entrevistou 54 motoristas de ônibus, lotação, táxi e carros, motoboys e pedestres. "Todos relataram razões particulares, como pressa ou stress, que julgavam dar-lhes direito de cometer as faltas." 

Autor de textos sobre cordialidade e civilidade, o engenheiro Alberto Sentieri, de 48 anos, da Fundação Getúlio Vargas, diz que o País passa por uma crise moral. "Os crimes sem punição, a corrupção, levam ao enfraquecimento da idéia de civilidade."

Fonte: Jornal da Tarde (São Paulo), 25 de março de 2007


Categoria: Geral


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