A cobrança pela utilização dos estacionamentos nos maiores shoppings de Salvador está dividindo a opinião dos lojistas. Eles esperam uma redução dos custos, principalmente de condomínio, já que os recursos serão direcionados para a infra-estrutura dos centros comerciais.
Por outro lado, alguns empresários estão temerosos com uma possível queda no fluxo de consumidores, mesmo que temporária. Todos concordam, no entanto, da necessidade de coibir abusos por parte de usuários que estacionam mas nem mesmo circulam pelos corredores dos shoppings.
"A cobrança será positiva se conseguir diminuir os custos de condomínio e conseqüentemente dos preços dos produtos que oferecemos. Se isto não acontecer, vai prejudicar", afirmou o franqueador dos restaurantes Bella Napoli, Gian Angelino, que conta com unidades nos shoppings Barra e Iguatemi.
Ele citou ainda a necessidade de criar critérios para abonar o valor a ser pago por quem realmente consome. "Quem consumir até dez vezes o valor do estacionamento, por exemplo, poderia ficar livre do pagamento pelo uso da vaga", afirmou.
Mesmo não concordando com a cobrança, a proprietária da loja de roupas femininas Spezzato, Flávia Barcelos, acredita que a medida não vai atrapalhar as compras. "No meu caso, quem vem adquirir um produto não desistiria de ir à loja em função do pagamento", acredita. Mas, para ela, o fluxo deverá cair em um primeiro momento.
A presidente da Associação dos Lojistas do Shopping Center Iguatemi (Alscib), Graça Valadares, concorda que pode haver uma possível queda no movimento. "Tudo, no início, gera impacto, mas depois as pessoas se habituam", afirmou.
A empresária disse ainda que quem geralmente consome quer a comodidade de achar uma vaga para estacionar. "Hoje, temos uma quantidade enorme de pessoas utilizando os estacionamentos e que não vão ao shoppings. Há casos de usuários que deixam o carro no shopping e viajam para cidades próximas, como Feira de Santana e Camaçari", citou.
Valadares informou que, como os recursos serão revertidos para o próprio shopping, haverá uma redução no condomínio pago pelas lojas. Ela declarou também que, após o início da cobrança, os lojistas e o setor de marketing vão discutir a possibilidade de descontos ou abonos para os consumidores.
Com quatro lojas nos principais shoppings, a proprietária das lojas Arezzo, Reveca Alves, afirmou que até os lojistas têm dificuldade para conseguir uma vaga. "No Itaigara, por exemplo, pouco depois das 9h, praticamente e já é impossível estacionar", disse. Para ela, esta dificuldade para os clientes cria problemas para o consumo nos estabelecimentos.
Fonte: Correio da Bahia (Bahia), 29 de março de 2007