Segundo o jornal, é mais uma conseqüência do transporte público deficiente e incapaz de concorrer com o individual. Só neste ano, as vendas somarão 2,4 milhões de carros. Com uma frota estimada em 26 milhões de veículos, a motorização da classe média baixa vem se intensificando desde os anos 90, agravando a deficiência estrutural do País. Jaime Waisman, especialista em trânsito e transporte urbano da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), chegou à conclusão de que apenas o paulistano perde R$ 2,5 bilhões anualmente com os congestionamentos. Os recursos perdidos nos engarrafamentos seriam suficientes para construir uma nova linha do metrô com até 15 km de extensão.
O fenômeno da saturação no trânsito também já está presente nas médias cidades brasileiras, como Blumenau, cidade de 300 mil habitantes e com frota de 150 mil veículos no Vale do Itajaí (SC). Em Brasília, o deputado distrital Cabo Patrício, presidente da Comissão de Segurança da Câmara Legislativa, disse que o Distrito Federal deve evitar fazer o rodízio, com a construção de bolsões de estacionamentos, ligados por ônibus que levariam ao centro da capital, desafogando o trânsito.
Waisman afirma que o Brasil, com área de 8,5 milhões de km2, paga o preço por ter se desenvolvido com um modelo econômico que concentrou cerca de 60% da população nacional em regiões metropolitanas.
Fonte: Gazeta Mercantil (SP), 17 de dezembro de 2007