A legislação foi criada com o objetivo de acabar, principalmente, com a perigosa rotina de poucas horas de sono e muitos quilômetros rodados. Para o caminhoneiro Adroaldo Dias, isso faz parte do passado. "Eu saía de Porto Alegre com destino ao Rio Janeiro para uma média de 24 a 25 horas de viagem e dormia duas, três horas, no máximo, por noite", relembra.
Para controlar cada detalhe da jornada de seus funcionários, algumas empresas investem em tecnologia. Alguns caminhões, por exemplo, são bloqueados remotamente assim que é feita a parada para o pernoite. Depois de 11 horas de descanso, o motorista precisa informar à central de rastreamento da empresa o reinício da viagem. Só assim o veículo é liberado.
A regulamentação da jornada de trabalho vale também para os caminhoneiros autônomos. Mas eles reclamam da pressão nas entregas. "Isso aí não vai dar certo, ninguém respeita. Por exemplo, uma entrega de Porto Alegre para São Paulo, as firmas dão prazo de 22h, 19h. Aí o motorista se vê obrigado a tomar rebite", relata um motorista, que prefere não se identificar.
Para o Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística (Setcergs) do estado, sem fiscalização nas estradas, pouco deve mudar. "A legislação dificilmente será aplicada na íntegra. Uma pela falta de fiscalização, outra pela falta de pontos de paradas nas estradas, o que dificulta enormemente o cumprimento da legislação", alerta o presidente José Carlos Silvano.
Fonte: RBS TV (afiliada Rede Globo), 2 de junho de 2012