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O celular toca para avisar que há uma nova mensagem. "O ônibus chegará em 5 minutos", informa o torpedo. Você se apressa e paga o cafezinho, sai da lanchonete e vai direto para o ponto.

Ainda dá tempo de espiar o telefone móvel para saber quanto ficou a conta de água do mês passado. "Preciso consertar aquela torneira que só fica pingando", você pensa.
Na viagem de volta para casa, vem outro SMS. "Sua consulta com o proctologista foi marcada para amanhã, às 9 horas, na Unidade Básica de Saúde", diz o texto. Parece mentira?

Pois serviços semelhantes aos descritos acima já existem em algumas partes do País. Então por que não estão presentes no seu dia-a-dia? Foi exatamente isso que uma pesquisa feita pelo Instituto Conip - uma organização não-governamental (ONG) dedicada a discutir o uso da tecnologia no setor público - tentou desvendar.

O levantamento foi feito com 24 representantes do governo, de universidades e de empresas, todos integrantes do Conselho Consultivo para M-Gov (sigla de "governo móvel") da entidade.  Os resultados serão debatidos no M-Gov 2007, evento promovido hoje e amanhã pelo Instituto Conip em São Paulo, no Blue Tree Convention Ibirapuera (Avenida Ibirapuera, 2.927). 

A maioria dos conselheiros acha que o principal motivo para a ausência desses serviços no celular está na falta de preparo das administrações tanto para perceber o impacto que poderiam ter na vida dos cidadãos como para desenvolvê-los. "Quando mencionamos comunicação pelo celular, estamos falando de milhões de pessoas", afirma o presidente do Instituto Conip, Vagner Diniz. "O governo não está percebendo essa oportunidade. As operadoras também não." 

O preço cobrado pelas companhias para o envio de torpedos e pelo tráfego de dados, aliás, foi a segunda razão apontada para a escassez de aplicativos móveis de interesse público. "As empresas precisam estar dispostas a negociar valores de forma que os custos se tornem mais vantajosos", destaca Diniz. 

Outros três fatores ficaram empatados em terceiro lugar, na opinião dos entrevistados: as limitações técnicas dos telefones móveis, o fato de a maioria dos serviços ser experimental e a falta de leis que regulamentem o setor. 

Os conselheiros também tiveram de dizer o que poderia impulsionar o uso de serviços públicos pelo celular. A maioria acha que isso ocorreria com o desenvolvimento de aplicativos voltados para os interesses dos cidadãos. Em segundo lugar, destacaram a necessidade de investimentos nessa área.

Em seguida vieram o maior nível de exigência das pessoas, o aumento da conectividade no País e as características dos telefones.  O levantamento procurou ainda identificar qual serviço móvel faria um baita sucesso, ajudando a popularizar todos os outros.

Venceu o desenvolvimento de um aplicativo para a área de saúde, com opções como agendamento de consultas e alerta de exames e vacinação. O M-Gov 2007 também vai mostrar casos que deram certo. Se os políticos se animarem, num futuro próximo você poderá carregar o governo no bolso.

Sistemas facilitam a vida dos cidadãos

Já existem experiências em áreas tão diversas quanto cultura, emprego e assistência social, mas, enquanto algumas contam com mais de quatro anos de existência, outras acabaram de surgir e ainda estão em fase de testes.

De um jeito ou de outro, no entanto, o número de pessoas atingidas pelas iniciativas ainda é pequeno.  Na capital paulista, por exemplo, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e a empresa Rede Ponto Certo estão com um projeto-piloto para o estacionamento em vias públicas, a Zona Azul digital.

O motorista pára o carro e não precisa mais colocar um cartão no pára-brisa, indicando a hora em que vai embora. Basta que se dirija a um quiosque e compre créditos para uma determinada quantidade de horas. 

As informações são repassadas eletronicamente para a CET. Quando for tirar o carro, a pessoa manda um torpedo para que a contagem de horas paradas seja interrompida. No dia seguinte, envia outro SMS para que seja retomada.

O procedimento também pode ser feito pelo telefone fixo. Por meio de computadores de mão, as fiscais da Zona Azul comunicam-se com uma central e verificam se os donos dos veículos fizeram o pagamento. Se a resposta for negativa, multam. 

Por enquanto, a experiência só está funcionando na Praça Charles Miller, no Pacaembu, e nas regiões do Largo do Arouche e da Praça da República, no centro. Tem dado certo. "É raro você autuar", afirmou a fiscal Antonia Viana da Silva, que trabalha na Zona Azul do Pacaembu.

No local, a maioria dos usuários é formada por estudantes da Faap. "Mas quem pára poucas vezes por aqui ainda prefere usar o papel", disse a fiscal Olga Ferrari. 

Na Bahia, a Companhia de Processamento de Dados de Salvador (Prodasal), mantém, desde 2002, o serviço "Onde Está o seu Bloco?". No carnaval, os foliões cadastrados recebem torpedos que avisam o local da cidade em que a galera está.

Em média, são enviados 7 mil SMS por ano. Para a gerente de projetos da Prodasal, Gleide Bacelar de Melo, poderia ser mais. "As mensagens ainda são caras para o poder público", afirmou. 

Outra iniciativa de serviço móvel tem sido adotada pela Agência do Trabalhador do governo do Paraná, também desde 2002. Os desempregados vão até o órgão, fazem um cadastro e podem optar por receber torpedos, informando sobre vagas disponíveis relacionadas à sua experiência.

Fonte: O Estado de São Paulo (São Paulo), 23 de abril de 2007

 

 

 

 

Categoria: Mercado


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