José Manuel Pradillo Pombo*
Muitos carros e pouco espaço para movê-los ou estacioná-los. Essa realidade, familiar a muitos paulistanos, também foi enfrentada por Madri. Na capital espanhola, o carro também é preferido por 50% da população, ainda que o sistema de transporte público integrado, com metrô, ônibus e trens, cubra toda a cidade.
Para permitir a circulação de carros e o uso democrático dos espaços públicos de estacionamento, Madri investiu em um sistema de zonas especiais, no controle automatizado e em garagens subterrâneas. As soluções integradas e a política de estacionamento visavam a atender uma frota de 2 milhões de veículos particulares.
Criamos dois tipos de zona: as azuis, nas áreas comerciais, custam 1 euro por hora e 2,50 euros por duas horas, para desestimular o uso prolongado do espaço. As zonas verdes, nas áreas residenciais, têm o uso preferencial dos moradores do bairro, que pagam uma taxa mínima e usam a vaga de forma ilimitada.
Os visitantes pagam 1,80 euro por hora. Foi instalado um parquímetro eletrônico para cada 25 vagas, controlado por GPS e por fiscais de rua. Paga-se com cartão ou pelo celular - uma opção ao sistema de boletos, que dificulta a fiscalização e facilita a ação de intermediários e falsificadores.
Já os estacionamentos privados passaram a cobrar menos quanto mais tempo o usuário os utiliza. Construídos em espaços subterrâneos e em regime de concessão à iniciativa privada, eles ajudam a tirar os carros de circulação das ruas.
A experiência nos mostrou que a mobilidade nos centros urbanos depende de investimentos em transporte público e de regulação do uso do privado, estimulando a rotatividade de seus usuários.
*DIRETOR-GERENTE DO CONSÓRCIO REGIONAL DE TRANSPORTES DA COMUNIDADE DE MADRI (ESPANHA)
Fonte: Jornal da Tarde (São Paulo), 25 de abril de 2007