Com o reajuste de 15% determinado pela prefeitura e publicado ontem no Diário Oficial, a folha avulsa passa de R$ 2 para R$ 2,30 e o valor do talão, com dez unidades, sobe de R$ 20 para R$ 23. O índice não agradou aos motoristas que questionam as justificativas da BHTrans para o aumento.
A empresa responsável pelo transporte e trânsito da capital alega que havia defasagem no custo do serviço, já que o último reajuste ocorreu em março de 2003, quando a folha do Faixa Azul passou de R$ 1,50 para R$ 2.
Segundo o diretor de Planejamento da BHTrans, Hélio Rodrigues, a alteração nos preços do serviço já estava prevista desde o final do ano passado, mas não havia sido autorizada pelo prefeito Fernando Pimentel (PT). A BHTrans considera o novo índice razoável, já que a inflação média do período foi de 22,6%.
"A arrecadação com o Estacionamento Rotativo ajuda a manter a qualidade do sistema viário da cidade e é aplicada na manutenção de semáforos, pintura de pavimentos, placas de regulamentação e indicativas", explicou Rodrigues. De janeiro a setembro de 2006, a receita bruta com o Rotativo foi de R$ 8,4 milhões.
Para os motoristas, no entanto, não há nada de razoável nos novos valores e os benefícios são poucos. É o que afirmou a dentista Luciana Melo Pedrosa, 30 anos. A disputa por vagas é grande e a maior parte delas permite parar só por duas horas. O trânsito é caótico e ainda dizem que as vias são pública, reclamou.
Para ela, embora R$ 0,30 pareça pouco, o impacto será grande para quem precisa usar o Rotativo todos os dias.
O representante comercial Leonardo Guimarães, 37 anos, concorda. Ele usa o carro para trabalhar e compra, no mínimo, três folhas de Rotativo por dia. «O usuário paga para deixar o veículo na rua e não tem segurança alguma. Em alguns casos, precisamos desembolsar mais dinheiro para os flanelinhas», argumentou.
A estudante de Medicina Carolina Rutkowski, 24 anos, trocou o Faixa Azul pelo estacionamento privado. Para ela, a alta de preço e a dificuldade em encontrar uma vaga no Rotativo justificam a troca. "Além disso, tenho mais segurança", explicou. Os estacionamentos privados cobram de R$ 3 a R$ 4 por hora.
De acordo com o gerente de Planejamento da BHTrans, o baixo preço do Rotativo - inferior ao cobrado nos estabelecimentos particulares - pode criar um desequilíbrio no sistema Faixa Azul com o aumento da demanda. "Quando ela ultrapassa 85%, já provoca problemas. O custo defasado gera ocupação mais intensa".
O Rotativo foi criado em 1967 pela lei 1.410, só regulamentada em 1973. Ele foi demarcado em 503 quarteirões com 13.039 vagas físicas e 60.520 rotativas de uma, duas ou cinco horas. Segundo a BHTrans, 520 postos de venda são credenciados.
Os flanelinhas e lavadores de carros, que vendem folhas avulsas nas ruas da cidade por R$ 3, não pretendem repassar o aumento. Pelo menos por enquanto. "Se fizermos isso, vamos espantar os clientes. O lucro vai diminuir", explicou o lavador de carros da Rua Padre Rolim com Avenida Bernardo Monteiro, Marcos Ramiro Vigilato, 36 anos.
Já o proprietário de banca de revistas Vinícius Afonso, 43 anos, comemorou o aumento, pois o Faixa Azul tem venda garantida em seu negócio. Os talões antigos ainda vão valer por tempo indeterminado.
Fontes: Estado de Minas (Belo Horizonte), 03 de fevereiro de 2007
Hoje em Dia (Belo Horizonte), 03 de fevereiro de 2007