"O meio ambiente exuberante que se pode apreciar nesse caminho é resultado do trabalho dos órgãos ambientais para proporcionar à população uma boa qualidade de vida", disse à época a então diretora do Instituto Florestal (ligado ao governo), Maria Cecilia Wey de Brito.
Em março de 2011, vieram as fortes chuvas do verão.
Barreiras caíram pelo caminho. Demorou mais de um ano, mas o DER (Departamento de Estradas de Rodagem) liberou o local em julho do ano passado.
O tempo passou. Oficialmente, a atração turística está fechada. Mas a entrada do parque, do lado de São Bernardo do Campo, está abandonada. Quem quiser entra sem sobressaltos.
Desde o fechamento até hoje, por volta de R$ 500 mil foram gastos no local.
Os recursos nos últimos anos saíram dos cofres da Emae (Empresa Metropolitana de
Águas e Energia), responsável, até dezembro, pelo projeto turístico.
Não existe data prevista para a reabertura da estrada, informa a empresa.
Um novo contrato, que será administrado pela Fundação Florestal, ligada à Secretaria
Estadual de Meio Ambiente, do secretário Bruno Covas, está sendo feito.
Pedras
A estrada "Caminhos do Mar" dá acesso a um lugar único do Brasil Colonial.
A Calçada do Lorena, inaugurada em 1792 e usada pelo imperador, é a primeira ligação pavimentada feita para transpor a Serra do Mar.
A ligação entre a Baixada Santista e o planalto paulista é de pedras e em formato de V, técnica usada para facilitar o escoamento da chuva.
Enquanto o polo turístico esteve aberto, atraiu pedestres e amantes da bicicleta. Os carros estavam proibidos.
Os últimos automóveis, com exceção de passeios autorizados, passaram pela serpenteante rodovia nos anos 1980, indicam os registros públicos. Ela estava asfaltada, funcionando como via pública desde 1922, ano que marcou o centenário da
Independência do Brasil.
O passeio era agradável. O visitante, em oito quilômetros que demoravam cinco horas para serem percorridos, voltava ao passado.
Além de caminhos históricos, há monumentos dos anos 1920. Entre a Calçada do
Lorena (o nome refere-se a Bernardo José Maria de Lorena e Silveira, governador que mandou fazer a via) e a Estrada Velha de Santos, dos anos 1920, a região também abrigou a Estrada da Maioridade.
O nome é uma referência à maioridade de D. Pedro II, que participou da inauguração da estrada, em 1846.
Ela teve de ser interditada dois anos após a inauguração, por má conservação.
Responsável por local culpa burocracia
De acordo com a Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia), a demora em reabrir a rota turística Ecoturismo Caminhos do Mar é consequência de problemas burocráticos. "De estudos que estavam sendo feitos".
A empresa confirma que a liberação do local, por parte do DER (Departamento de Estradas de Rodagem), ocorreu em julho de 2012.
"Mesmo após a liberação da estrada, as visitas foram interrompidas, pois a
Emae estudava a implantação de um novo modelo turístico sustentável para o empreendimento", afirmou a assessoria de imprensa da empresa, em nota enviada à
Folha.
A Emae informa que não terá mais responsabilidade sobre o polo ecoturístico da
Estrada Velha de Santos.
Em tramitação estão a cessão da área e a transferência de gestão do local para a
Fundação Florestal, órgão também ligado ao governo.
De acordo ainda com a nota da empresa, que não estipula nenhuma data para a reabertura da estrada, haverá a necessidade de que alguns monumentos históricos sejam "recuperados".
Fonte: Folha de S. Paulo, 7 de abril de 2013