A hora ideal de trocar de carro é quando o veículo começa a dar mais despesas e a relação custo-benefício passa a ser desvantajosa para o proprietário. "Se o carro está bom, não há necessidade de trocar", acredita o responsável pelo site Automóveldicas, Nelson Cunha Bastos. Porém, o cenário atual do mercado automobilístico influencia a troca muitas vezes desnecessária. "As mudanças de gerações, a forte concorrência, o fácil acesso ao crédito, tudo isso estimula", afirma.
Se a necessidade não dita, na maioria das vezes, a troca, a inovação sai na frente. "Esse é o maior motivo", avalia o diretor da Agência AutoInforme, Joel Silveira. "O consumidor troca só para ficar atualizado", afirma. "As pessoas têm essa necessidade de trocar o carro devido ao status", acredita Bastos. "Para Silveira, a questão da necessidade é secundária. "A novidade é o maior motivo, mesmo entre os carros populares. Essa questão da necessidade é um motivo secundário", acredita.
De dois em dois anos
A inovação, a segurança e principalmente o conforto são os principais motivos que levam à médica Sônia Bonadia a querer trocar seu Celta 1.0. "Meu carro já tem quatro anos e eu queria um mais seguro e com mais conforto", afirma.
Como mora em Sorocaba, mas tem grande parte da família alocada na capital paulista, a médica teme ficar parada na estrada quando viaja. "Eu gosto de carro zero, porque não posso ficar na mão", diz. Para Sônia, a troca do carro está acontecendo tardiamente, pois ela costumava trocar o carro de dois em dois anos, como fazem muitos brasileiros.
Essa frequência, na avaliação de Silveira, é comum, pois, com dois anos, o carro zero já sofreu a sua maior desvalorização. "Para quem está comprando, é um bom negócio, porque, depois de dois anos, o carro desvaloriza pouco", afirma. Com a ampliação cada vez maior do acesso ao crédito para financiamento de veículo, essa troca bianual ficou ainda mais comum.
Para se ter uma ideia, segundo a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), foram vendidos mais de 2,251 milhões de automóveis de passeio em 2010 - um número recorde e um aumento de quase 7% frente aos emplacamentos de 2009.
Se, para muitos, a troca de dois em dois anos parece vantajosa, para Bastos, a conta não é tão simples assim. Para o especialista, essa negociação tem um fator complicador para quem quer vender. "A venda do seminovo é muito difícil, porque compete com o novo, quem tem para comprar um seminovo pode comprar um novo", avalia Bastos. Um veículo seminovo, de um a dois anos de uso, na avaliação do especialista, tem de desvalorizar muito para ser vendável. Mais um motivo para postergar a troca.
Além disso, Bastos não enxerga desvantagens a quem vender um carro de seis anos. Para ele, não é um mau negócio. "Enquanto você usa o carro, você está reservando dinheiro para comprar outro". Ao menos esse comportamento deveria ser o ideal, na sua avaliação.
O especialista recomenda que a troca do veículo ocorra depois que ele completar 60 mil km rodados. "Porque, a partir daí, a manutenção começa a ficar muito cara."
Fonte: site InfoMoney, 4 de fevereiro de 2011