Mais do que isso, comprar um carro com essas cores aumenta consideravelmente as chances de conseguir um preço mais alto na hora de revender, como constatou a reportagem do Agora ao consultar concessionárias e revendas de usados. Em uma das lojas pesquisadas, realizando uma cotação hipotética, o avaliador pagaria até 12,5% a mais por um veículo prata ou preto na comparação com um carro semelhante, porém pintado nos tons azul ou verde - bem menos populares no ranking de cores mais vendidas, considerando carros de passeio zero-quilômetro. Só alguns estabelecimentos não fizeram distinção entre as cores ao dar seu preço.
Para Sergio Reze, presidente da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), quem dita o preço é mesmo o consumidor. "O brasileiro tem se mostrado conservador em relação às cores e acaba ditando as regras do mercado. A cor prata até encarece o preço final ao comprar um zero-quilômetro, por ser metálica, mas o cliente acaba pagando mais, de olho na hora da revenda. O carro preto novo, por outro lado, custa menos, mas acaba se valorizando ao entrar no mercado de usados", afirma.
Para Reze, nem o fato de veículos pretos ou na cor prata ficarem sujos mais facilmente e evidenciarem eventuais riscos ou amassados afasta o consumidor dessas tonalidades. Prova disso está no mercado de usados. "Dos cerca de 30 carros que compramos recentemente, quase a metade era de modelos pretos ou prateados", revela Marcelo Guimarães, gerente de vendas de concessionária na Capital.
Consultado, Guimarães afirmou que pagaria cerca de R$ 26 mil por um Polo 1.6 hatch 2006 nas cores preta ou prata, enquanto o mesmo veículo, pintado de azul ou verde, valeria aproximadamente R$ 25 mil - uma diferença de 3,84%. Na hora de revender o usado, porém, o gerente disse que cobraria R$ 29 mil, independentemente da cor - o mesmo ocorreu em metade das lojas consultadas, evidenciando que, em muitos casos, as revendas aumentam a margem de lucro ao comercializarem modelos de cores menos populares, a fim de compensarem o tempo maior para achar um comprador.
Mas há exceções. Roberto Gianetti, dono de uma revenda de automóveis, estava com o pátio repleto de carros pretos ou em tons prata ao ser entrevistado, mas diz que não faz distinção entre cores. "Se alguém aparecer com um Clio verde em melhor estado do que outro semelhante, pintado em cores mais desejadas, pago mais pelo verde. Se os carros estiverem nas mesmas condições, desembolso o mesmo valor por ambos", diz Gianetti, admitindo que cerca de 70% dos carros que compra e vende são pretos ou na cor prata. "É reflexo do mercado de carros zero-quilômetro", avalia.
Fonte: jornal Agora, 11 de abril de 2009