Desde o projeto original de cobertura de uma área, um conjunto de estações radiobase é dimensionado para atender ao tráfego médio daquele setor geográfico. Mas o processo é dinâmico, a cidade muda e é por isso que as teles têm de captar de forma contínua as condições do tráfego telefônico para ampliar aqui e ali a capacidade de recepção e transmissão de sinais das suas antenas.
Por conceito, as marginais dos rios Pinheiros e Tietê, pontos cruciais da Capital, onde os congestionamentos de carros e caminhões são freqüentes e quilométricos, contam com muito mais capacidade de completamento de chamadas telefônicas do que as ruas de uma pacata cidade do Interior. No entanto, se um caminhão tombar na pista de uma dessas vias de acesso, a fila de carros parados vai se alongar e as redes celulares do entorno ficarão sobrecarregadas, não permitindo que as pessoas presas dentro de seus carros possam usar seus celulares ao mesmo tempo.
O consultor e ex-presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) Renato Guerreiro explica que a regra do projeto baseado em fluxos (de pessoas ou veículos) é atender ao movimento médio e não ao pico. Se uma rede celular fosse projetada para completar as ligações de 31 de dezembro, quando todo mundo quer desejar feliz ano novo a amigos e familiares, a ociosidade no resto do ano seria alta e motivaria custos elevados. "Todos os usuários teriam de compartilhar esses custos e as tarifas dobrariam", afirmou Guerreiro.
No entanto, segundo a assessoria da Anatel, as operadoras são obrigadas a cumprir metas de qualidade e completamento de chamadas. A exigência do órgão é 95% de completamento, com tolerância de 5% de falhas.
Fonte: Gazeta Mercantil (SP), 26 de maio de 2008