Parking News

Os números surpreendem: o setor de estacionamentos cresce mais de 20% ao ano no Brasil. Só na cidade de São Paulo são atendidos, em média, 60 milhões de veículos por mês ? segundo dados do S (Sindicato das Empresas de Garagens e Estacionamentos do Estado de São Paulo). Mas com uma frota cada vez maior no país ? o Brasil assumiu a quarta posição no ranking de vendas de automóveis no mundo -, as exigências também aumentam.
?A primeira experiência do cliente em um local é o estacionamento. Será do serviço a ele oferecido, principalmente na chegada e na saída, que o usuário fará a avaliação da qualidade dos serviços da empresa. Na busca da excelência destes serviços de atendimento ao cliente e redução de custos, muitos administradores recaem na dúvida sobre a terceirização (ou não) dos estacionamentos?, afirma Sérgio Giacomelli, gerente de Operações do BH Shopping.
Ainda segundo ele, ?é bom lembrar que terceirizar não significa, necessariamente, redução de custos; e é bom que isto fique bem claro quando se toma esta decisão! Terceirizar também não é garantia de qualidade de serviços ? existem muitos outros fatores que necessitam ser avaliados e gerenciados para atingir este objetivo. O cliente não vê um terceirizado fazendo o atendimento, e sim alguém que está ali representando a empresa ao qual está visitando?, informa Giacomelli.
Vantagens e desvantagens
Para Sergio Morad (arquiteto, administrador e membro da Abrapark ? Associação Nacional de Estacionamentos Urbanos), diversas são as vantagens da terceirização do serviço de estacionamento, entre elas a disciplina do uso das vagas, segurança, um controle operacional eficiente e benefícios econômicos.
De acordo com o gerente de operações do BH Shopping, é necessário ficar claro ao administrador que tipo de parceria ele quer ter ou qual modelo de gestão quer aplicar à sua empresa ou instituição. ?Se o modelo de negócio é concentrar totalmente em core business, onde o objetivo é atingir metas e conquistar resultados, então terceirizar totalmente as atividades secundárias pode ser uma boa saída. Se o propósito é melhorar os serviços e práticas, uma empresa terceirizada com uma boa expertise poderá contribuir para os resultados. Já se o intuito é superar alguns desafios atrelados à operacionalidade e investimentos, é provável que uma operação mista seja bem interessante, ou seja, uma equipe de coordenação orgânica com uma equipe operacional terceirizada?, explica.
Apesar de todas as observações citadas anteriormente, Giacomelli faz questão de ressaltar que qualquer uma das opções não é sinônimo de redução de custos ou melhoria na qualidade dos serviços. ?Qualquer uma das opções escolhida deverá ser acompanhada de perto. A contratante deverá estar ciente que não poderá apenas entregar a gestão à contratada; será imprescindível para o sucesso da operação que tenha um controle, um monitoramento dos resultados. Isso muitas vezes gera um impasse, pois há dificuldade de medir a qualidade do serviço. Lembrando que qualidade é diferente de produtividade! Um exemplo é que você pode ter um estacionamento sem congestionamento, mas com atendimento ruim; ou um ótimo atendimento, mas onde o cliente precisa enfrentar filas?.
No ramo hoteleiro, por exemplo, há hotéis com estacionamentos próprios e outros terceirizados, dependendo da relação entre custo e benefício para o hóspede e o meio de hospedagem. Dos hotéis Blue Tree e Spotlight no Brasil, nove unidades têm estacionamento próprio e 14 são terceirizados. Cada unidade recebe análise de demanda para estacionamento e é avaliado qual será o melhor resultado da equação da qualidade dos serviços e custos. Outro ponto levado em consideração é a convenção do condomínio do meio de hospedagem, que pode, eventualmente, proibir ou permitir a terceirização do estacionamento.
"Temos muito cuidado ao terceirizar, porque para o cliente final não importa se o estacionamento é terceirizado ou não. Na prática, é a imagem do Blue Tree que está em jogo. Nossa estratégia é sempre ter o foco em nossa expertise, que é o atendimento ao hóspede. Se a avaliação criteriosa do hotel resulta que a terceirização trará maior qualidade de serviço e que financeiramente vale a pena, o fazemos. Caso contrário, nós mesmos cuidamos do estacionamento?, afirmou um dos executivos da rede, em entrevista para o site Hôtelier News.
Segundo Cid Mesquita Filho, diretor da Estapar Estacionamentos, uma das principais vantagens de se terceirizar o estacionamento é que a empresa transfere a responsabilidade civil para a empresa contratada. Mesmo que não haja cobrança direta ao usuário, a lei estabelece que o empreendimento é responsável civil pela guarda de veículos, figurando como fiel depositário do bem.
Contratação
Um dos fatores que levam à decisão de terceirizar a gestão do estacionamento é exatamente transferir a responsabilidade civil pela guarda dos veículos à empresa contratada. É importante salientar que os contratos de terceirização caracterizam uma situação de parceria. Na maior parte dos casos, o empreendimento continua influindo nas decisões pertinentes às normas e procedimentos do estacionamento, e por isso é corresponsável pela operação realizada pela contratada nos âmbitos fiscal, previdenciário, trabalhista e civil (sinistros). Por conta disso a contratada deve apresentar qualificação técnica que esteja à altura da contratante. ?Sendo a terceirizada uma empresa idônea e reconhecida no mercado, o empreendimento pode ficar tranquilo quanto à transferência da responsabilidade civil?, comenta o diretor da Estapar.
Sergio Morad compartilha da mesma opinião: ?Na hora de contratar uma empresa de estacionamento, é imprescindível saber se é idônea, conhecer o seu histórico, seu know-how, a estrutura operacional que oferece, qual a abrangência do seguro e cobertura; enfim, é preciso avaliar a relação remuneração versus excelência do serviço. Se a escolha for atrelada só à remuneração, o contratante pode perder um bom serviço?, comenta. Os riscos do negócio também devem ser observados: responsabilidades cíveis e trabalhistas e sinistros devem estar claros no contrato.
De acordo com Sérgio Giacomelli, ?antes da tomada de preços, deve-se conhecer a expertise; não apenas na questão de estacionamento, mas também no tipo de negócio da contratante (shopping, faculdade, hotel, eventos). É necessário que a contratante e contratada conheçam entre si as filosofias de trabalho. Outro fator muito importante é a estrutura de recursos humanos da terceirizada, já que o turnover nestas empresas é médio para alto, e a agilidade na reposição de colaboradores é fundamental principalmente em tempos de maior demanda, como datas especiais?, afirma.
Contratada, a prestadora de serviços deve-se apresentar e implantar de imediato o código de conduta da contratante, para que a primeira possa fisicamente representar a segunda perante o cliente, mantendo o padrão de atendimento desejado com resultados positivos. A exigência de mão de obra qualificada é determinante na eficácia da qualidade do serviço e consequentemente para atingir a expectativa do cliente.
?É necessário gerir a terceirizada. Para isso, além de estar fisicamente presente em campo, o gestor da contratante precisa fazer reuniões constantes com os responsáveis da contratada para discutir se as metas estão sendo atingidas e direcioná-los para o caminho desejado caso não estejam. Quando os resultados persistirem negativamente, antes de trocar a terceirizada é bom sempre certificar-se de que os responsáveis pelas operações estejam realizando os serviços de acordo com as solicitações da empresa. Lembre-se: na maioria dos casos os problemas estão no CPF e não no CNPJ?, pontua Giacomelli.
O presidente do Sindicato das Empresas de Garagem e Estacionamento do Estado de São Paulo - SINDEPARK, Marcelo Alvim Gait, costuma chamar a atenção para o fato de que nem sempre a melhor remuneração é compatível com o melhor serviço. ?É preciso minimizar o peso da remuneração ao condomínio. Locação e contrato de administração são os modelos de negócio pelos quais os condomínios podem optar.? Já Sergio Morad destaca que o mercado muda rapidamente: ?A otimização do negócio de estacionamento ? por exemplo ? se dava em um ano, 18 meses. Hoje, a maturação é em tempo bem menor no edifício comercial?.
?A atividade de estacionamento é relativamente nova, mas pode oferecer vários serviços agregados, como cartão de crédito, sistema de gravação de imagens, convênios com seguradoras ? para garantir descontos ao usuário ?, além da qualificação dos estabelecimentos, como o selo SINDEPARK, que foi criado há cerca de quatro anos?, comenta o presidente da entidade. Ele afirma que o estacionamento é uma atividade meio e fidelidade é fundamental. ?Para atingir essa fidelização, é preciso agregar serviços?.
Quanto ao selo SINDEPARK, o presidente ressalta que é uma ferramenta importante para quem vai terceirizar o estacionamento, porque as empresas que aderiram cumpriram uma série de pré-requisitos. ?A qualificação faz parte do processo de aperfeiçoamento da atividade?, conclui.
Cuidados na hora de elaborar um bom contrato
Além de alguns dos itens básicos de qualquer contrato terceirizado, como:
- Gestão financeira;
- Definição do índice de reajuste;
- Vínculo trabalhista;
- Responsabilidade civil (ato doloso e culposo);
- Alvarás e licenças de funcionamento (caso não tenha);
- Contratação de seguro para cobrir possíveis danos;
- Comunicação imediata de ocorrências, de forma que a contratante possa tomar providências cabíveis para a solução de acordo com a filosofia da empresa;
- Fornecimento de relatórios periódicos de acordo com as necessidades da contratante;
- Dimensionamento mínimo de efetivo com cobertura de postos essenciais - para o caso de contrato por serviço e não por posto;
- Deixar claro o prazo máximo para a substituição de funcionários afastados ou desligados, bem como a reposição de equipamentos danificados, como cancelas, dispensador de cartão ou tíquete;
- Especificar a qual sindicato os funcionários estão filiados de forma a seguir a convenção da categoria;
- Definir em contrato a forma de tratamento de faltas, se por desconto ou compensação de acréscimo de efetivo em datas com maior demanda.
Fonte: Revista Infra, 5 de fevereiro de 2014

Categoria: Geral


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