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O controle da pandemia e a eleição municipal em São Paulo

 

Por Jorge Hori* -  Bruno Covas venceu o primeiro turno, com folga, mas com tendência de queda em relação aos níveis demonstrados nas pesquisas de intenção de voto, feitas por amostragem. Caiu de um patamar de 38% nas duas últimas pesquisas do Ibope, para 33% nas urnas.
Já Boulos conseguiu na aferição real maior percentual dos que as pesquisas de intenção indicavam, apesar da trava dos eleitores petistas. A pesquisa de véspera do Ibope apontava um nível de 16%, com estabilidade durante todo o mês, mas alcançou 20% nas urnas.
Covas venceu em todas as Zonas Eleitorais, inclusive em Pinheiros, polo da esquerda universitária, onde Boulos conseguiu o seu melhor desempenho.
Celso Russomanno seguiu a tendência de queda e por pouco não fica na faixa de um dígito e é superado por Artur do Val. A estratégia de Russomanno de colar à imagem do presidente Bolsonaro piorou o seu desempenho, favorecendo Covas, para o qual migrou a maior parte dos seus votos perdidos. Já Artur do Val, com amplo uso da rede social para mobilizar os adeptos do MBL (Movimento Brasil Livre), ficou pouco abaixo de 10%, acima de Jilmar Tatto e ainda conseguiu a formação de uma bancada de três vereadores do Movimento. Foi um caso da importância maior do movimento que do partido.
Márcio França não conseguiu decolar, não superando o teto de 13% por uma estratégia equivocada - uma vez que não foi aceita pelo eleitorado - de brigar com um adversário fantasma que não entrou no jogo.
A estratégia de Covas, por sua vez, de evitar a sua associação com João Doria, que tem elevada taxa de rejeição na Capital, focando nas suas realizações na Prefeitura alcançou o maior percentual de votos do eleitorado votante e sai à frente nas pesquisas de intenção de votos, no segundo turno, com índices muito próximos tanto no Ibope como no Datafolha.
Persistem ainda duas dúvidas: o eleitorado da periferia mais distante do centro e dos jovens ligados à rede social.
Embora Bruno Covas tenha ganho em todas as zonas eleitorais, inclusive naquelas em que o PT sempre foi melhor que o candidato do PSDB, a soma dos votos de Guilherme Boulos e Jilmar Tatto mostra outra realidade. Em várias zonas eleitorais na periferia leste e sul da cidade de São Paulo, em número de 19, a soma dos votos dos dois foi acima dos de Covas.
De um lado pode-se interpretar que Jilmar Tatto e o PT travaram a votação de Guilherme Boulos, mas a perda não foi suficiente para este ser superado por Márcio França.
A outra interpretação é que Boulos capturou os votos até então patrimônio do PT, o que reflete apenas parcialmente a realidade. A principal captura desse eleitorado que até 2012 votava predominantemente no candidato do PT, dando a vitória de Fernando Haddad sobre José Serra, o candidato do PSDB, já havia migrado em grande parte para Celso Russomanno e, ao longo das campanhas, para a candidatura de João Doria, em 2016, levando-o a vencer no Primeiro Turno.
Nessas zonas eleitorais, supostamente  domínio da esquerda, em apenas uma delas Jilmar Tatto teve mais votos que Boulos, mas ainda menos do que Bruno Covas. Foi em Parelheiros, no extremo sul da cidade, uma das áreas de reunião dos adeptos do MTST.
Mesmo que Guilherme Boulos se torne mais conhecido, em função da maior visibilidade proporcionada pelos programas de rádio e TV, associado ao apoio declarado por Lula, e consiga a transferência total dos votos de Jilmar Tatto não seria suficiente para superar Covas.
Os votos da periferia não vão mudar o quadro. O risco de Covas ainda está no recrudescimento dos casos de contaminação e óbitos causados pelo novo coronavírus e de como ele vai enfrentar. A pior estratégia será o negacionismo. Muitos deixariam de votar nele. Perderia para o coronavírus.

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.


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