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Cenário econômico exige ajustes das empresas

 

Por Jorge Hori* - Fica cada vez mais evidente que a economia brasileira, influenciada pela economia paulista, irá se recuperar lentamente, não havendo nenhuma evidência de uma recuperação em V, como esperavam os mais otimistas.
A "boa notícia" é que chegamos ao piso e a macroeconomia não vai afundar ainda mais. Já estamos na fase de recuperação, mas dentro do subterrâneo. Vai levar algum tempo para voltar à tona, isto é, a uma variação nula do PIB.
Como ficarão os setores da economia e cada empresa em particular? Já colocamos aqui que dependerão principalmente da capacidade de ajustamento às novas circunstâncias, embora alguns setores dificilmente sairão, mesmo no médio prazo, da profunda crise que os alcançou.
Diferentemente do que ocorreu em outras crises, esta não é de produção e de desabastecimento. É uma crise de demanda, gerando uma enorme capacidade ociosa na maior parte da economia. O único setor em que a situação é inversa é o financeiro, com uma demanda crescente não atendida e uma oferta contida, represada pelos bancos, com receio das inadimplências.
Com isso, as empresas mais fragilizadas financeiramente não sobreviverão. Só existe uma saída: que o Governo resiste em adotar: a garantia pública dos pagamentos. Este parece preferir que grande parte das empresas "quebrem", dentro da visão da "destruição inovadora ou criativa".
Seria parte da estratégia de Paulo Guedes, que não só quer uma economia liberal, mas mais concentrada, segundo processos darwinistas: só sobreviverão os mais fortes, com capacidade de investimento e gestão para terem maior produtividade. Sob a ótica da produtividade, as micro e pequenas empresas são as que têm piores índices. Sob a ótica do emprego, ao contrário, são essas as relativamente mais empregadoras. É também uma perspectiva social. A visão de Paulo Guedes é estritamente econômica e financeira, desprezando os impactos sociais.
Essa é a visão que foi assumida por Jair Bolsonaro em 2018 e colaborou decisivamente para sua eleição, mesmo com o amplo apoio das classes populares ao seu concorrente, com a bandeira do PT.
Com o auxílio emergencial, Bolsonaro percebeu a importância e amplitude do atendimento social aos mais pobres e assumiu o populismo, iniciando desde já a campanha para a reeleição em 2022, para tirar do PT os votos desse eleitorado. Contrariando os esforços de Paulo Guedes para a disciplina fiscal, com o equilíbrio das contas públicas.
Está se caminhando para uma disputa populista de direita e de esquerda, em 2022, levando ao risco de uma estagnação continuada.
O "povão" talvez possa migrar, em parte, a favor de Bolsonaro, mas ele poderá perder o apoio de uma classe média que chegará em 2022 mais empobrecida.
Como os empresários irão se posicionar diante desse dilema?
Precisam se preocupar desde já, ou é melhor "não sofrer por antecipação"?

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.


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