As 37 mil vagas de estacionamento de rua do sistema Rio Rotativo se tornaram terra de ninguém. Sem fiscalização efetiva da prefeitura, que não cumpriu a promessa feita em 2013 de licitar um serviço de alta tecnologia, guardadores, muitos sem qualquer identificação, lotearam os espaços e nem sempre têm talões ou estão presentes quando os motoristas chegam.
Participam também da desordem sindicatos que dizem representar a categoria de guardadores e atuam como intermediários na compra e distribuição dos tíquetes, lucrando nas transações. Isso porque, pelas regras atuais, qualquer um que esteja disposto a comprar da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Rio) lotes de oito mil tíquetes, por R$ 5,6 mil (R$ 0,70, a unidade), pode revendê-los, mesmo por prepostos, pelo valor de R$ 2 cada um (185,7% a mais). Com tíquete.
A maior parte das vendas da CET Rio é feita para entidades que representam os guardadores, têm a tarefa de registrar os interessados como autônomos na Delegacia Regional do Trabalho (DTR) e fiscalizá-los
Mas nem sempre conseguir o talão é fácil, mesmo na Zona Sul, onde o sistema é considerado mais rentável. Numa ronda na semana passada, repórteres do GLOBO percorreram vários bolsões de estacionamento da cidade. Em algumas ruas de Botafogo, Centro, Glória e Copacabana, pelo menos 20% dos carros estacionados estavam sem talões. Em muitos dos lugares visitados, não havia guardadores por perto.
A falta do tíquete pode custar ao motorista uma multa de R$ 53,20, além do carro rebocado.
Fonte: O Globo (RJ), 26 de abril de 2015