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A população da Região Metropolitana de São Paulo está usando mais o transporte coletivo do que o individual. A conclusão consta do relatório parcial da Pesquisa Origem-Destino (OD), divulgado dia 5 de setembro pelo governo do Estado e pela Prefeitura. Conforme noticiou O Estado de S. Paulo, o resultado interrompe uma queda no uso de ônibus, metrô e trens metropolitanos observada desde 1977, quando foi realizada a segunda OD. Mais do que um indicador dos deslocamentos na Capital e em 38 municípios, o estudo norteia o destino dos recursos empregados na melhoria do transporte público.
A OD de 2007 mostra um acréscimo de 20% no total de viagens nos últimos dez anos - de 31,4 para 37,6 milhões por dia. No mesmo período, a população cresceu 15%. O que mais animou os técnicos foi o crescimento de 30% das viagens por modo coletivo, ante 13% do individual. As viagens a pé subiram 14%. "Pela inflexão da curva de utilização do transporte público, o investimento no setor, que já era essencial, passa a ser vital", afirmou o secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella. A curva a que o secretário se refere era a grande preocupação de especialistas do setor. Em 2002, quando a Companhia do Metropolitano atualizou a OD de 1997, se constatou explosão do número de viagens individuais - na ocasião, a divisão chegou a ser de 52,3% para os modos individuais e 47,7% para os coletivos. O mapeamento divulgado dia 5 revela inversão da tendência. Das 25 milhões de viagens motorizadas feitas por dia em 2007, 13,8 milhões (55%) ocorreram por modos coletivos e 11,2 milhões (45%) por individuais. É a primeira vez desde 1967 que se observa crescimento no uso dos coletivos.
Na modalidade "não motorizada", as viagens a pé predominam. Foram 12,3 milhões (32,9%) por dia em 2007, ante 10,8 milhões (34,4%) em 1997. A novidade é o aumento de 50% do número de deslocamentos com bicicleta - de 0,16 milhão (0,52%) para 0,3 milhão (0,78%). Também foi diagnosticada a existência de três picos de congestionamento em São Paulo: o da manhã, entre 6 e 8 horas, com 1,2 milhão de veículos a mais nas ruas ante o mesmo período de 1997; o do almoço, com mais 400 mil veículos entre 11h30 e 13 horas; e o da noite, com mais 900 mil entre 17 e 19 horas. Financiada por secretarias e autarquias municipais e estaduais, a OD de 2007 ouviu 92 mil pessoas em 30 mil domicílios. Embora a tabulação dos dados permita extrair uma infinidade de recortes - como tempo médio dos deslocamentos por modalidade de transporte, idade da frota de veículos, número de transferência entre modais -, apenas 13 tabelas foram divulgadas. Dos 35 slides apresentados, 24 eram relativos à OD e 11 tratavam de planos de expansão do governo estadual para o setor. A alegação foi de que nem todas as informações haviam sido compiladas. O trabalho completo é prometido para daqui a três meses.
Um terço se desloca a pé pela Grande SP
O Estado de S. Paulo ressalta que, na cidade dos engarrafamentos gigantescos, um terço dos deslocamentos continua sendo feito a pé. A pesquisa Origem e Destino 2007 do Metrô mostra que 32,9% das viagens registradas na região metropolitana são feitas andando. São ao menos 12,3 milhões de deslocamentos de pedestres por dia - uma pequena diminuição em relação à pesquisa realizada em 1997, quando foram contabilizadas 11 milhões de viagens por dia a pé (34,9%). Para o secretário dos Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, a principal explicação para a escolha pela caminhada é a pequena distância entre o ponto em que a pessoa está e para onde ela se deslocará. É o caso dos estudantes. A distância curta foi citada como justificativa por 88,6% dos entrevistados. Entretanto, a evolução das matrículas em escolas públicas e privadas teve aumento de 4% no período. Passaram de 5 milhões em 1997 para 5,2 milhões em 2007. O número de empregos apresentou crescimento de 26%, saltando de 7 milhões, há dez anos, para 8,8 milhões no período do recenseamento.
O aumento da população economicamente ativa - de 41% para 47% - coloca a Região Metropolitana de São Paulo em patamares similares aos de grandes centros europeus e americanos. Mas ainda não é o suficiente para levar mais pessoas ao transporte público, basicamente pela deficiência e pela falta de qualidade em boa parte dos serviços prestados nos municípios. O custo do transporte também é fator influenciador na sua utilização. O custeio das viagens por modo coletivo, segundo a pesquisa, é feito majoritariamente pelo passageiro e pelo seu empregador. É de 46% o índice das passagens pagas pelo dono da empresa para a qual o usuário do transporte trabalha. Número muito parecido com o de passageiros (44%) que arcam com todo o valor, sem nenhum subsídio. Os usuários isentos - idosos, deficientes e algumas categorias profissionais, como policiais militares - são 9%.
Estudantes
Quem mais anda a pé, segundo a pesquisa, são os estudantes. Eles somam 6,4 milhões de pessoas que se deslocam a pé na região metropolitana. A pesquisa ainda não foi concluída com análise sobre o grau de escolaridade. Em 1997, quanto maior era a escolaridade, maior o índice de mobilidade total (número de viagens diárias realizadas por pessoa em relação à população). Sobre a mobilidade a pé se constatou que, quanto menor a escolaridade, mais as pessoas andam a pé. Os trabalhadores - operários, domésticas e outras categorias - que vão a pé de casa para o trabalho somam 2,9 milhões de pessoas. Os números parecem ser pequenos, mas basta compará-los com os da população da região metropolitana - cerca de 19,3 milhões de habitantes - para perceber a legião de pedestres que diariamente não usa nenhum outro meio de transporte (ônibus, trem, metrô, motocicleta e bicicleta) para se deslocar todos os dias. Desde 2002, data da última pesquisa atualizada OD, também cresce a participação do transporte por bicicleta. Hoje, são 300 mil viagens diárias sobre duas rodas, ante 160 mil registradas em 1997. A bicicleta vem ganhando importância. Um terço das famílias que moram na Grande São Paulo tem pelo menos um equipamento em casa. São 24% com uma bicicleta em casa e outros 9% deles que têm mais de uma. De todos os donos de bicicletas, 71% usam como transporte para o trabalho, 12% para ir à escola e somente 4% para lazer. Os 13% restantes alegaram outros motivos para usá-las. A segurança e a falta de ciclovias ainda são preocupações dos ciclistas. Registros do governo estadual e da Prefeitura mostram que 75% dos acidentes fatais com bicicleta ocorrem nas regiões de periferia e apenas 3% nas áreas centrais das cidades. A categoria dos motociclistas também evoluiu bastante nos últimos dez anos - 7% das famílias possuem uma motocicleta em casa.
Para especialistas, solução é autoridade única metropolitana
A melhoria da qualidade do transporte coletivo só acontecerá nas regiões metropolitanas com investimentos racionalizados, geridos e projetados por uma autoridade única de transporte para essas regiões, conforme especialistas internacionais no assunto. "A autoridade única de transporte aparece como a possibilidade exclusiva de racionalizar o uso de cada solução, otimizando os custos econômicos, sociais e de meio ambiente, sem frear o desenvolvimento", disse Aurelio Garrido, diretor do Metrô de Madri, que participou da 14.ª Semana de Tecnologia Metroferroviária, em São Paulo. A gestão de transporte em Madri é realizada por um consórcio entre a iniciativa privada e o governo. Gyengchul Kim, diretor do Instituto de Desenvolvimento de Seul, Coréia, destacou que é preciso conscientizar as pessoas sobre a necessidade de investir em transporte público. "Em São Paulo, isso também é possível, desde que se conscientize a população de que todos vão ganhar." A partir de 2002, de acordo com Kim, os governantes de Seul adotaram medidas em favor da utilização de ônibus e de metrô, com o uso de cartões pré-pagos e de crédito para pagamento das tarifas, redução de locais para estacionamento de carros, aumento de faixas para pedestres e fiscalização mais intensa para carros que estacionam em locais proibidos. O valor das multas é revertido para melhorias no transporte público.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 6 de setembro de 2008

Categoria: Geral


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