Ao longo do eixo da via, três trechos da Radial aparecem na relação de ruas e avenidas com os maiores volumes de tráfego na cidade. E, nesse cenário de constantes engarrafamentos, só os ônibus conseguem andar. A mesma CET atesta que, depois da implantação da faixa exclusiva para o transporte coletivo na Radial Leste, a velocidade média dos ônibus aumentou 52%.
Enquanto os ônibus deslancham, os carros travam, sobretudo em três trechos da Radial. O primeiro deles, que aparece na contagem da CET tanto de manhã como à tarde, é o que vai do Viaduto Alcântara Machado até a Rua dos Trilhos. O segundo, do Viaduto Carlos Ferraci até a Rua Serra do Japi. E o terceiro, da Rua Doutor Fomm à Rua Siqueira Bueno.
Nesses locais, a companhia registrou o recorde de 26.920 veículos no horário de pico na manhã e 29.629 veículos no horário mais movimentado à tarde. A média de lentidão no pico das manhãs é de 5,5 km de congestionamento; à tarde, de 6 km; e no entrepico, de 1,8 km.
?A verdade é que não tem muito o que fazer com a Radial porque existem só duas ligações da Zona Leste para o Centro: ela e a marginal?, disse uma alta fonte da CET, que pediu para não ter o seu nome divulgado. ?Não tem obra que resolva o problema crônico desta via.?
Motoristas entrevistados pela reportagem ao longo da avenida compartilharam da resignação constatada dentro da CET. Eles foram ouvidos na tarde da última quinta-feira, quando a cidade registrou o maior congestionamento de sua história, com 309 km de vias paralisadas. ?Esse trajeto é o único da cidade que não tem rota de fuga?, reclamou o taxista Caio Faustino. ?Ou é a Radial ou a Marginal Tietê e, no geral, as duas estão travadas.?
Outra motorista, Nanci Figueiredo, disse que, para os carros, a situação piorou depois da implantação das faixas exclusivas. ?Agora os carros não andam mais?, afirmou. O vendedor Vilmar Pavini, que depende do automóvel para fazer negócios, lamenta não poder usar o ônibus. ?No meu caso é inviável, não tem solução.?
Corredor está em fase de licenciamento ambiental
A Prefeitura de São Paulo trabalha no licenciamento ambiental para a implantação do corredor de ônibus da Radial Leste, que será construído na faixa esquerda da avenida, segregado.
O corredor da Radial será dividido em dois blocos: o primeiro, com 12 km de extensão, e o segundo, com cinco. A conclusão está prevista para julho de 2016. O investimento total é de R$ 598 milhões. O primeiro trecho fica entre o Terminal Parque Dom Pedro e a Estação Vila Matilde, do Metrô. O segundo dá continuidade ao primeiro, chegando até a Estação de Metrô Artur Alvim.
Além do corredor de ônibus, o governo municipal informou ter realizado na região obras de reconfiguração geométrica, como alargamento de pista, construção de canteiro central e remanejamento de interferências para melhorar a fluidez.
?Também está prevista a revitalização das sinalizações semafóricas, incluindo a diminuição dos tempos nos faróis, pintura e manutenção de faixas de sinalização de solo e colocação de novas placas?, disse a Prefeitura.
A faixa exclusiva de ônibus da Radial tem um total de 22,7 km nos dois sentidos, que foram entregues entre fevereiro e outubro deste ano.
Um dos consultores mais conceituados quando o assunto é transportes e trânsito, o engenheiro explica que a Radial só tem solução para o transporte público. No caso dos automóveis, diz ele, só o pedágio urbano pode melhorar a fluidez nesta via.
Fonte: Diário de S. Paulo, 18 de novembro de 2013