Por ser de uma faixa de produto que o mercado considera sensível aos preços - e os novos itens vão aumentar os custos -, as montadoras optaram por esperar até o último momento para equipar esses automóveis com os itens de segurança. O cálculo do presidente da Volkswagen, Thomas Schmall, é de alta de R$ 600 a R$ 800 por carro.
Modelos médios e os mais caros receberam airbag e ABS ao longo dos últimos três anos, quando teve início o programa gradual de instalação. Os carros de entrada que ainda não têm os equipamentos de série e passarão a ter em janeiro são Palio Fire (Fiat), Celta (GM), Gol G5 (Volkswagen), Clio e Sandero Authentique (Renault). Hoje, algumas versões desses veículos podem ser adquiridas com os sistemas, mas apenas como opcionais.
Os modelos que vão sair de linha, como a Kombi, não têm estrutura para receber airbag ou sua introdução não compensa o custo, por tratar-se de produto defasado. O Gol G4, da Volkswagen, e Ka e Fiesta, da Ford, serão substituídos no primeiro semestre de 2014 pelos globais Up! e novo Ka.
O Mille só terá substituto em 2015, segundo informações de analistas do setor automotivo, enquanto a Kombi deixará um vazio no mercado, pois não há outro veículo da mesma categoria e faixa de preço em estudo pela Volkswagen.
Como despedida, a Kombi ganhou uma série especial, vendida a R$ 85 mil desde agosto. O Mille terá em breve uma versão de despedida, mas a preços mais próximos da versão atual.
Nenhuma fabricante admite que repassará ao consumidor o aumento de custo por causa das novas tecnologias. Alegam que vão analisar caso a caso, em razão principalmente da concorrência, que fica cada vez mais acirrada com a chegada de novas fabricantes.
Um exemplo da diferença de preço é o Celta LT com quatro portas, que custa R$ 28.140 sem ABS e airbag, e R$ 30.440 com os dois itens, além de ar-condicionado. Já o recém-lançado Renault Logan custa R$ 28.990 com os dois equipamentos, R$ 990 a mais que a versão anterior, sem os dois sistemas.
A instalação de airbag e ABS em todos os carros novos chega ao Brasil muito depois da adoção em veículos europeus, americanos e japoneses e só após ser determinada pela legislação local. Outro item que pode passar a ser obrigatório em 2014 é o rastreador, mas ainda depende de aval do Conselho Nacional de Trânsito (Contran).
Exigência. Embora alguns analistas vejam a medida como uma porta para a introdução de outros itens de segurança, o sócio da consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC), Ricardo Pazzianotto, acredita que o segmento de carros mais baratos "só receberá os equipamentos que forem exigidos por lei".
Segundo o consultor, a introdução de novas tecnologias implica custos e a competição entre as marcas está acirrada, especialmente no segmento de carros mais baratos.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 17 de novembro de 2013