Primeira empresa francesa a aportar por aqui, a Simca chegou motivada pelo plano de Juscelino Kubitschek em expandir a economia em 1958. Na bagagem, o projeto Simca Vedette, na versão Chambord. Um ano depois, com a fábrica devidamente instalada, passou a ser fabricado aqui.
Todo começo é complicado, ainda mais quando se inicia um novo segmento automobilístico. A Simca sofreu com fornecedores, falta de mão-de-obra e outros pormenores.
Dizem que o Chambord é o único "rabo de peixe" brasileiro, que embora fosse inspirado nos desenhos norte americanos, ainda é tímido para os padrões internacionais, mas adequado ao gosto do freguês. "As linhas angulosas que vinham dos faróis ao fim da lanterna triangular são harmoniosas e elegantes, criando uma identidade que foi mantida pela montadora", aponta pesquisadora do Portal Antigo Motors.
Internamente os Chambord seguiam um padrão familiar e urbano. Banco inteiriço, para transportar até 6 pessoas confortavelmente, ofereciam amplo porta-malas e freios potentes. O retrovisor externo sobre a dianteira do carro, diga-se, é um charme pouco útil já que sua visibilidade é limitada. Pintura da carroceria em duas cores e calotas cromadas que lembravam os carros de corrida nos anos 50.
Com três marchas na alavanca da direção, o aspecto de guiar era prazeroso desde que não houvesse subidas. No plano, seguiam bem. Tanto que se destacaram em algumas competições de carro antigo. O painel, rico em instrumentos para a época, munia o motorista de informações bem completas sobre o desempenho do veículo.
Sob o aspecto familiar, esconde um V8 caprichado. Para os fãs, o som do motor ligado é uma sinfonia capaz de ser reconhecida à distância. Porém, para transportar a pesada estrutura e os ocupantes era preciso mais. "Mecanicamente falando, o carro era fraco. A primeira tentativa de melhora é o Três Andorinhas, cujo motor básico vinha com carburador duplo capaz de chegar a 92hp", explica especialista do antigomotors.com.br. Na lateral do carro, o desenho de três pássaros identifica o propulsor. Ciente deste algo a melhorar, a partir de 1964 a linha adota outro modelo de motor, "Tufão", e mais adiante o Emi-Sul.
Acontece que nem só de estética atraente as vendas se mantêm. A mecânica que deixou a desejar e a falta de estrutura nos serviços de pós-venda desagradavam os consumidores. Tanto que, mesmo diante das melhorias no último ano, era tarde para retomar a credibilidade no mercado. A empresa foi comprada pela Chrysler em 1967.
O fim do Chambord foi decretado quando o modelo Esplanada surge, embora mantivesse a mesma plataforma, porém, comedida. Depois deste realinhamento, a Simca foi deixando de ser marca e a Chrysler carimbou a sua patente nos modelos seguintes.
Agradecimentos a Automóveis do Brasil. Fonte de Consulta: "Alguns Aspectos da Historia do Automóvel no Brasil", de Fabio Steinbruch, Editora Tempo & Memória, 2005.
Fonte: revista Webmotors, 1 de novembro de 2011