As empresas estão fugindo do centro do Rio de Janeiro, por conta da redução de vagas de estacionamento e do aumento dos preços das residuais. Seria consequência das obras de revitalização da área portuária e da percepção equivocada de que sem vagas os motoristas deixariam o carro em casa e passariam para o transporte coletivo. A reação mostrada em reportagem do Bom Dia Brasil, da TV Globo, de segunda- feira, 31 de março de 2014, é de mudar o seu escritório para outras regiões da cidade.
O centro do Rio de Janeiro, como os demais centros, ainda concentra um grande volume de trabalho, porém, nem todos de empregados de grandes empregadores. A predominância é de micro e pequenos empresários e seus poucos empregados. Uma das razões de localização no centro foi a saída das grandes empresas na direção da Zona Sul e da Barra da Tijuca, com queda dos preços imobiliários, facultando a sua presença, cercada de serviços públicos e facilidades privadas como suporte para o seu trabalho e negócios. Uma dessas facilidades é a vaga para estacionar o seu carro.
Com dificuldade de encontrar vagas e o alto preço das ofertadas, a vantagem econômica de continuar no centro fica comprometida. A reação não é permanecer no local e mudar do carro para o transporte coletivo, mas mudar de local.
Esse equívoco da visão pública sobre os fenômenos urbanos levará a um novo ciclo de esvaziamento e degradação do centro. No primeiro ciclo as grandes empresas saíram e deram espaço às menores. Agora as menores também estão indo embora. Quem as substituirá?
Quando o projeto do Porto Maravilha ficar pronto, muitos já terão abandonado a área. Quanto tempo levará a recuperação, se isso vier mesmo a ocorrer?
Reduzir a oferta de vagas promove uma redução no trânsito, como desejam os transporteiros. Não pela transferência para o transporte coletivo, mas pela transferência do local de trabalho. Resulta no esvaziamento e na degradação da área, sem vagas.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
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