A plateia do Museu da Imagem e do Som (MIS), lotada, se surpreendeu com o fato de os cariocas gastarem mais tempo no trânsito do que os moradores de São Paulo, cidade conhecida mundialmente pelos grandes engarrafamentos. O pesquisador diz que é preciso investigar mais, porque o trânsito carioca é mais pesado do que o de São Paulo. Mas já possui várias hipóteses. A primeira é que as áreas densamente povoadas da Região Metropolitana do Rio, como a Baixada Fluminense e São Gonçalo, não têm empregos suficientes, funcionando como espécies de ?cidades dormitórios? e obrigando seus moradores a se deslocarem até o município do Rio para trabalhar. ?Já a Região Metropolitana de São Paulo tem mais ofertas de emprego, espalhadas por seu território?, diz ele.
Outro fator é que São Paulo tem mais oferta de metrô, trem e corredores de ônibus, além de um maior número de ruas e avenidas, que ?propiciam a população a adotar caminhos mais alternativos?. ?O Rio é mais linear, espremido entre o mar, a montanha, a Lagoa.... Se uma avenida para, se a Ponte Rio-Niterói para, você não tem para onde correr. Em São Paulo, agora, muitas pessoas que têm carro usam o aplicativo Waze, e conseguem sair cortando as ruas e chegar mais rápido em casa?, comenta Carvalho, que participou do evento, promovido pela TV Globo e pela USP, junto com outros especialistas, incluindo Robert Cervero, da Universidade da Califórnia, e Regina Meyer, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP. Todos falaram como a questão da mobilidade urbana deve ser melhorada nas principais cidades brasileiras. Para Cervero, o ideal seria se gastar um total de até uma hora por dia nas duas viagens: ?O carioca gasta 94 minutos e o paulistano, um pouco menos. Mas todos mais de uma hora e meia. Isso afeta profundamente a qualidade de vida dessas populações?.
Fonte: O Globo (RJ), 12 de abril de 2014