Parking News

Está cada vez mais caro e complicado estacionar no Centro de Fortaleza. O número de estabelecimentos se multiplica em cada esquina, chegando a ter quarteirões formados praticamente por esse mesmo tipo de negócio. Mesmo assim, a quantidade de vagas é insuficiente para atender à crescente demanda. O resultado é o encarecimento do serviço e, em alguns pontos da cidade, o tabelamento de preços em pontos vizinhos ou próximos. No fim, quem sofre é sempre o consumidor.
De acordo com o índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano passado, os preços dos estacionamentos em Fortaleza saltaram 16,79%, enquanto a inflação para o período foi de 6,38%. A alta de preços dos estacionamentos da Capital cearense foi a segunda maior do País, atrás apenas do Rio de Janeiro, onde os valores cobrados subiram 17,78%. Na terceira posição, aparece Porto Alegre (16,66%), seguido por São Paulo (11,36%) e Belo Horizonte (8,82%). Na média nacional, a variação foi de 13,75%.
Em 2014
Neste ano, os preços continuam subindo. No acumulado dos dois primeiros meses de 2014, o valor cobrado pelos estacionamentos em Fortaleza já subiu 1,73%, maior variação do País e acima da média nacional (0,64%). A alta também foi maior que a inflação geral para o período na Capital: 0,63%.
Pesquisa direta
A reportagem foi até o Centro de Fortaleza para verificar os preços cobrados pelos estacionamentos. Na Rua Sena Madureira, começando da Praça dos Leões, no cruzamento com a Rua São Paulo, até a proximidade do Parque das Crianças, quase esquina com a Rua Pedro Pereira, existem em torno de dez estacionamentos seguidos, com preços que chegam a variar 42,8%, de R$ 7,00 a R$ 10,00 (hora ou fração), para carros considerados grandes.
Estacionar moto custa entre R$ 3,00 e R$ 4,00 (33,3%). No caso dos veículos pequenos, o valor cobrado é tabelado em R$ 5,00 na maioria dos locais. Nem todos trabalham com aluguel de vaga mensal, mas o custo oscila de R$ 180 a R$ 250,00 - uma variação de 38,8%. Alguns também cobram por diária, de R$ 15,00 a R$ 20,00, dependendo do porte do veículo.
Os responsáveis pela cobrança nos respectivos estabelecimentos garantem que os valores estão congelados há muito tempo, mas diferem com relação à data do último aumento e sobre quem define quando e quanto devem aumentar os preços. Um caixa, que preferiu não se identificar, informou que "o último aumento ocorreu há dois anos, quando o valor foi combinado entre os donos dos estacionamentos da Sena Madureira". Já o caixa Marcos Antônio, de um estacionamento localizado na mesma rua, afirma que "a data da última alta foi novembro de 2013" e, segundo ele, "o estacionamento já está esperando chegar ?a nova lei? para saber como vão ficar os preços". Mensalista há mais de dez anos de estacionamentos localizados na Rua Sena Madureira, a advogada Karla Karam garante que não há regra para alterar os valores cobrados pelos estabelecimentos da região.
"Eles cobram o preço que querem e aumentam quando bem entendem. Não tem regra, podendo subir mais de uma vez no ano. Se a gente sair de férias duas vezes no ano, quando voltamos eles já querem cobrar outro valor. Hoje, pago R$ 170,00 por mês, mas tem quem cobre até R$ 250,00. Mesmo assim todos estão sempre lotados", afirma.
A dona de casa Pedrina Morhy diz que sempre que precisa ir ao Centro se depara com o mesmo dilema: onde estacionar e a que preço. "É sempre muito caro. Quando venho ao Centro já sei que tenho de separar uns R$ 20,00 só para estacionar. E o pior é que mesmo assim ainda é difícil conseguir uma vaga. A concorrência é muito grande".
Aumento
Mais próximo da Praça do Ferreira, no coração do Centro da Capital cearense, outra rua que concentra vários estacionamentos é a Floriano Peixoto. Todos são unânimes em dizer que há anos não têm aumento nos preços cobrados. É o caso de Edilene Souza, caixa de um estacionamento localizado em frente à Praça do BNB, esquina com a Rua Pedro I. "O último reajuste nos nossos preços ocorreu em novembro de 2012. E ninguém avisou que fosse subir de novo não", diz. Os valores cobrados são: R$ 3,00 (moto), R$ 5,00 (carro pequeno) e R$ 7,00 (carro grande).
Cliente assíduo, o vendedor Wilker Soares afirma que sempre opta pelo estabelecimento devido ao preço. "Há muito tempo pago aqui R$ 5,00 pela hora ou fração, enquanto mais à frente tem outros estacionamentos que cobram bem mais caro. O que eu acho pior é pagar o mesmo valor pela fração, mesmo que eu chegue um minuto depois da primeira hora. Acho que deviam cobrar por duas horas, pois uma hora é o tempo que a gente perde numa fila de banco. É muito caro", reclama. Depois da Rua Pedro Pereira outro estacionamento rotativo cobra pela hora ou fração, respectivamente, R$ 3,50 (moto), R$ 6,00 (carro pequeno) e R$ 9,00 (carro grande). Mais adiante, quase na esquina da Rua São Paulo, os valores são R$ 4,00 (moto), R$ 6,00 (carro pequeno) e R$ 10,00 (carro grande).
Lei municipal aprova a cobrança fracionada
No último dia 20 de março, a Câmara Municipal de Fortaleza aprovou o projeto de lei, de autoria do vereador Acrísio Sena, que regulamenta o funcionamento dos estacionamentos da Capital. Pela nova lei, ultrapassada a primeira hora de permanência no estacionamento, a cobrança deverá ser fracionada, proporcional ao tempo efetivamente utilizado pelo consumidor, a cada 15 minutos. Os locais deverão ter, em local visível aos clientes, um relógio e os valores cobrados.
A lei também trata sobre a tolerância, no caso de desistência do serviço. Para os shoppings, a tolerância será de 20 minutos, enquanto para outros estabelecimentos será de 10 minutos. Os estacionamentos também serão responsabilizados por danos aos veículos sob sua guarda, sendo proibido, inclusive, colocar placas dizendo o contrário. Os estabelecimentos terão 90 dias para se adequar à lei.
Fonte: Diário do Nordeste, Fortaleza (CE), 1º de abril de 2014