As restrições aos caminhões são apontadas por representantes das transportadoras como a razão para a migração de suas frotas para os utilitários.
"Era previsível. O setor, para seguir abastecendo o centro, teve de largar os VUCs (veículos urbanos de carga) e investir em vans. Foi um erro aumentar as restrições para os VUCs, caminhões menores e próprios para esse tipo de serviço", diz Adauto Bentivegna Filho, diretor executivo do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga de São Paulo e Região (Setcesp). Os VUCs - de até 6,3 metros de comprimento - só podem circular pela Zona Máxima de Restrição a Caminhões (ZMRC), menor que a área do rodízio, entre 10h e 16h nos dias úteis.
Mestre em Transportes pela Universidade de São Paulo (USP), o engenheiro Sergio Ejzenberg analisa a questão sob outra ótica. "Cada caminhão equivale a duas ou três vans, ou seja, o impacto da substituição no trânsito é pequeno." Ele ainda diz que para estacionar um caminhão é preciso ao menos duas vagas, o que é quase impossível durante o dia nas vias da cidade.
Segundo Bentivegna Filho, entre 2008 e 2011, o uso de utilitários pelas empresas de carga aumentou 22% na capital. Já o de caminhões caiu 5%. A aquisição dos veículos e de mão de obra adicional - são necessários mais motoristas para dirigir as vans - levou a um crescimento do frete em torno de 18% no primeiro ano da restrição.
Razões
De acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), as restrições impostas desde 2008, a abertura do Trecho Sul do Rodoanel e a inauguração da pista central da Marginal do Tietê, ambas em 2010, fizeram o número de caminhões rodando na cidade cair de 210 mil por dia para 190 mil atualmente.
Na percepção de quem dirige, a redução ainda não se reflete em melhorias. "Vejo vários acidentes com caminhões na Marginal, parando o trânsito", diz a técnica em radiologia Kelly Pereira.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 9 de setembro de 2011