A Prefeitura de São Paulo vai revisar o circuito de ciclovias e ciclofaixas da cidade. Ação decorre de diversos pedidos da população, entre eles para ampliação, revisão e retirada das faixas, segundo informações da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).
O anúncio do Plano de Revisão foi feito pelo presidente da CET, João Octaviano Machado Neto, durante encontro do Conselho de Política Urbana (CPU) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). O estudo está sendo conduzido pela Secretaria de Mobilidade e Transporte e, entre agosto e setembro, deve ser apresentado ao Ministério Público (MP). "Após um amplo debate com a comunidade, ciclistas e representantes das Prefeituras Regionais, é que será definido o projeto a ser adotado em cada ponto da cidade", comunica a Secretaria em nota.
Segundo Machado Neto, o objetivo do Plano de Revisão é rever os impactos que as ciclofaixas têm causado em alguns locais. "Vamos entregar um estudo completo da cidade, fazendo uma revisão, uma discussão sobre o que foi implantando e os próximos passos, de maneira que vamos dar uma refrescada nessa discussão e abrir outro cenário para falar sobre esse circuito cicloviário da cidade", garante Machado Neto.
Estudo prévio
De acordo com uma pesquisa feita pelo Núcleo de Economia Regional e Urbana da USP (Nereus), embora as ciclovias apresentem ganhos para a saúde e melhoria da qualidade de vida, elas também geram aumento do congestionamento por conta do estreitamento das vias, redução do número de vagas de estacionamento para carros e prejuízo ao comércio.
Tanto para a ACSP quanto para o Sindicato das Empresas de Garagens e Estacionamentos do Estado de São Paulo (Sindepark), a gestão passada falhou ao implantar as ciclofaixas sem planejamento e estudo prévio. A Prefeitura começou a instalação das vias no ano de 2013. Atualmente a cidade conta com460 quilômetros de via cicloviária.
"Há ciclofaixas pintadas no chão, em todo e qualquer lugar, sem preparação adequada, passando por cima de buracos, por cima de bocas de lobo, por cima de árvores, cometendo diversos absurdos, simplesmente para pintar faixas", critica o coordenador do CPU, Antonio Carlos Pelas.
A organização Vá de Bike refuta as informações das entidades dizendo que os ciclistas são clientes potenciais do comércio, uma vez que os uso do veículo reduz o desgaste da procura por uma vaga de estacionamento. Estudo da Universidade de Portland mostra que usuários de veículos visitam o centro comercial 9,9 vezes por mês. Nos ciclistas esse número salta para 14,5.
De acordo com o Vá de Bike, o comércio da região do Largo 13, em Santo Amaro, registrou aumento de vendas por pessoas que circulam a pé. A organização cita ainda o exemplo da cidade de Nova York, que teve aumento de 50% no valor dos imóveis e na receita do comércio em locais que tiveram a circulação de veículos restrita, como a Times Square.
Comunicação
O presidente da CET disse ainda que o novo plano prevê adotar um "índice de conectividade entre as ciclofaixas", uma rede que possibilite a movimentação dos ciclistas para outros modais de transporte: terminais de ônibus, estações de trem e metrô.
A CET também pretende criar um canal de comunicação permanente entre a companhia, as prefeituras regionais e as 15 distritais que a Associação tem espalhadas pela cidade. "A intenção é que isso não apenas propicie maior diálogo com a sociedade civil, mas agilize a comunicação de ocorrências, como falta de sinalização e semáforos quebrados", comentou o presidente da ACSP, Alencar Burti.
Machado Neto também adiantou que a CET vai lançar, no início de 2018, um edital de parceria público-privada (PPP) para modernizar o sistema semafórico da cidade. De acordo com informações da CET, dos seis mil semáforos da cidade, atualmente apenas 600 pode ser geridos de forma remota. Com o projeto, o objetivo é de que esse montante suba para no mínimo 80% ou 85%.
Fonte: jornal DCI - 29/07/2017