Parking News

Por Jorge Hori*

O estacionamento junto a uma estação metroviária de forma a facilitar a transferência do carro para o metrô, o chamado sistema "park-and-ride", não "pegou" em São Paulo, que tem a maior rede metroviária entre todas as cidades brasileiras.
A integração do estacionamento com o metrô ocorre de duas formas: a tarifária e a física, podendo conjugar ambas. A tarifária embute no valor do estacionamento a tarifa de ida e volta do metrô, mesmo que o estacionamento não esteja fisicamente acoplado à estação do metrô. A física compreende um estacionamento na mesma edificação da estação, podendo ou não ter a integração tarifária. O principal estacionamento integrado fisicamente, que é o da Estação Ana Rosa, não contempla a integração tarifária.
A integração física é um fator importante para o uso do "park-and-ride" em função das grandes diferenças de pisos nas estações metroviárias, obrigando o usuário a grandes trajetos de sobe/desce.
A questão tarifária é importante para os motoristas de baixa renda, e pouco relevante para os de renda mais elevada. Para os de menor renda, moradores de áreas periféricas servidas pelo metrô, pode ser vantagem deslocar-se de carro até a estação, deixá-lo estacionado, ir ao local de trabalho, também próximo a uma estação de metrô, e no retorno pegar o carro para ir para casa. Economiza no custo de locomoção, sem necessidade de gastar com o combustível, e no custo do estacionamento, mais caro junto aos locais do seu destino. Já para o motorista de maior renda, morador em áreas intermediárias das linhas metroviárias, a dificuldade em chegar ao estacionamento e a perspectiva de encontrar o trem cheio o desestimula a usar o park-and-ride.
A questão logística é fundamental e parece ter sido a razão principal do fechamento do estacionamento E-Fácil (a modalidade oficial do park-and-ride) junto à estação metroviária da Marechal Deodoro. Localizado ainda dentro da área central, ao lado da estação metroviária, não tinha a ocupação prevista e desejada, o que não lhe proporcionava viabilidade econômica. Apesar de servir ao bairro de Higienópolis, uma área densamente ocupada por apartamentos de média e alta renda, o seu acesso pela única via com entrada para o estacionamento era difícil em função do congestionamento permanente. E, por ser junto a uma estação metroviária intermediária, o risco de encontrar o trem cheio era grande. O morador preferia fazer todo o trajeto de carro do que parar no estacionamento e trocar de meio. Não basta o estacionamento junto ao metrô. É preciso facilitar o seu acesso. O motorista precisa ter facilidade de chegar ao estacionamento e encontrar multiplicidade de entradas e saídas.
Outro dado relevante para a avaliação do park-and-ride é o perfil do usuário, ao longo do dia. Nos horários de pico prevalecem os trabalhadores de menor renda e os estudantes, que lotam os trens. Durante o dia, a partir das 10h30 até cerca das 15h30 (ou seja, um período de 5 horas), o perfil é de pessoas se deslocando para reuniões, com a presença de executivos e profissionais liberais dentro dos trens. Para eles seria mais conveniente utilizar-se do metrô do que sair com o seu carro ou mesmo de táxi e, se necessário, tomar um táxi na estação. Reduziriam o tempo perdido em congestionamentos. A dificuldade é que as linhas metroviárias não são planejadas para atender a essa demanda.
A prioridade dos governantes é o atendimento à demanda das periferias. Essa prioridade melhora o deslocamento da população de menor renda, mas não promove a substituição do carro pelo transporte coletivo. Para o usuário do carro, a superlotação do veículo coletivo caracteriza uma perda de qualidade.


* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.

Categoria: Fique por Dentro


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