Por Jorge Hori* - O Centro de São Paulo, a partir de um núcleo central, se expandiu em diversas direções, com características distintas, mas todas com um elemento comum, a partir dos anos 60: a decadência econômica, gerando estagnação imobiliária e mudança do perfil sócio-econômico.
Uma das principais razões da migração de atividades de maior renda do centro, primeiramente para a região da Avenida Paulista e na sequência para as Avenidas Faria Lima e Luis Carlos Berrini, foi a falta de estacionamentos.
Projetado e construído antes da "invasão" dos carros, promovida pelo Estado, com a produção nacional, quando aquela ocorreu, trabalho e residência de maior renda se retiraram, por não ter onde estacionar os seus carros. A construção de edifícios-garagens para suprir as deficiências não foram suficientes para conter o esvaziamento progressivo das áreas de escritórios e comerciais e esses estacionamentos verticais também entraram em decadência.
A melhoria do transporte coletivo, com a implantação das linhas de metrô, chegou atrasada, mas está contribuindo para uma revitalização de algumas das subáreas do Centro, conjugada com um novo fenômeno social: o da geração "millenials" e os “pós-millenium", isto é, dos jovens de 18 até 30 anos, que não querem mais ter carro próprio.
Uma das subáreas pesquisadas pelo Sindepark, aqui caracterizada como Câmara Municipal, por ser o principal monumento para a localização dela, se caracteriza por ter abrigado diversos edifícios-garagens, como as das ruas Riachuelo e Araujo, e que vem recebendo novos empreendimentos residenciais, com apartamentos minúsculos e poucas vagas.
O edifício Zarvos, na confluência da rua da Consolação com a Av. São Luiz, com vários escritórios, abrigando um dos restaurantes mais "chiques" da cidade, o Paddock, foi um dos grandes marcos da cidade, incluindo uma garagem vertical. Não escapou da decadência.
Na outra confluência das ruas da mesma área, já do lado do Viaduto Nove de Julho, foi construído recentemente um novo edifício residencial, de apartamentos minúsculos e sem vagas próprias.
A área pesquisada pelo Sindepark é mais ampla, alcançando a outra área com edifícios-garagens: a rua Riachuelo. Atualmente decadente e com alguns desses estacionamentos desativados. E sem um processo de revitalização imobiliária.
Nessa subárea foram encontrados 44 estacionamentos, com um total de 3.482 vagas. A média de 79 vagas por estacionamento, em função da existência de alguns estacionamentos maiores, indica a predominância de estacionamentos de pequeno porte. Nessa área ocorreram vários casos de transformação de lojas comerciais desativadas e transformadas em estacionamentos, o que leva à predominância de garagens em edifícios e poucas em terrenos.
As tarifas são relativamente altas, acima do cobrado pelas subáreas vizinhas, que comentaremos no próximo artigo.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.