Uma única vaga de estacionamento em Hong Kong foi vendida por US$ 765 mil (aproximadamente R$ 2,95 milhões). O aumento do preço médio de estacionamento em Hong Kong subiu mais de seis vezes desde 2006 devido à especulação imobiliária e à tributação de propriedades na zona especial chinesa.
"É uma loucura", disse à Bloomberg o colecionador de carros Darrin Woo. Ele foi forçado a vender um limusine Mercedes-Benz 600 Pullman 1968 e um Fiat Abarth vermelho 1957 para economizar dinheiro em estacionamentos. "Comprar uma [vaga de estacionamento]? De jeito nenhum. Eu poderia comprar cinco carros com o dinheiro disso".
Em Ho Man Tin, uma área residencial de luxo em Kowloon, Hong Kong, uma vaga de estacionamento quebrou recordes anteriores com a venda por impressionantes US$ 765.000.
De acordo com a chefe de pesquisa de Hong Kong da consultoria Jones Lang LaSalle Inc., Denis Ma, empreiteiras constroem prédios nos quais a proporção de vagas para estacionamentos é sempre baixa.
Um relatório do Departamento de Transportes de Hong Kong revelou que o número de vagas aumentou em apenas 9,5% entre 2006 e 2016. Durante o mesmo período, o número de carros particulares cresceu 49%. A cidade é conhecida pelos custos de moradia caros e atingiu a marca de mercado imobiliário menos acessível do mundo nos últimos oito anos.
Enquanto o preço de um espaço de estacionamento médio aumentou espetacularmente, os preços das casas em Hong Kong não seguiram o mesmo caminho, subindo 3,4% no mesmo período.
Os estacionamentos de Hong Kong se tornaram investimentos lucrativos — acima dos imóveis convencionais — porque carregam menos impostos que os imóveis. Por exemplo, uma vaga de estacionamento em Hong Kong, vendida por cerca de US $ 300.000, teria um imposto de 3%, comparado a 30% de impostos para uma casa de mesmo valor. Além disso, há um imposto adicional de 15% para imóveis, pago anualmente, enquanto vagas de estacionamento não têm essa cobrança.
"Isso oferece uma oportunidade para investimentos de curto prazo que as residências não podem oferecer", avalia Patrick Wong, analista imobiliário da Bloomberg Intelligence em Hong Kong. "O rendimento não é muito alto, mas quando se fala em valorização do capital, quem se importa com o rendimento?"
Fonte: Sputniknews, 7 de julho de 2018