O alto preço dos combustíveis e a forte concorrência têm reduzido o faturamento dos estacionamentos particulares em Belo Horizonte, Contagem, Betim e Confins, segundo levantamento realizado pelo site Mercado Mineiro, entre 15 e 17 de maio, com 72 empresas do setor. No entanto, o que é ruim para o empresariado tem sido bom para o consumidor.
Segundo a pesquisa, entre maio de 2017 e o mesmo mês deste ano, o preço médio da hora registrou queda de 0,67%, passando de R$ 10,45 para R$ 10,38. Na mesma base comparativa, a diária média está em R$ 33,36, com uma queda de 2%. O pernoite caiu 0,60% e os contratos mensais também estão 2,15% mais baratos para o consumidor, que tem pago R$ 265,41, em média, pela comodidade de ter uma vaga garantida.
O diretor do site Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, enfatizou que o mercado de estacionamentos particulares já não está se mostrando tão atrativo para empresários do setor. “A redução dos preços praticados tem demonstrado isso”, afirmou.
Ele destacou, ainda, que a concorrência com os aplicativos tem sido outro fator que tem contribuído para a queda dos preços.
Abreu frisou que as 22.144 vagas físicas do Estacionamento Rotativo em Belo Horizonte são também outro problema para os estacionamentos particulares. “O tíquete de R$ 4,40 dá direito a estacionar por uma, duas ou cinco horas, dependendo da região da cidade, nos dias úteis e é 57,6% mais econômico que a hora dos particulares”, argumentou.
Vagas para motos
Nas proximidades da Rodoviária de Belo Horizonte, o estacionamento Rio Branco não reajusta os preços há três anos. Segundo o gerente José Enner de Almeida Castro, a concorrência na região tem crescido muito. “Qualquer lote aberto nas imediações é transformado em estacionamento”, lamentou.
O estabelecimento tem 140 vagas livres e está há mais de 30 anos no mesmo local. Há seis anos fez uma grande reforma para abrir quatro andares acima do solo.
Segundo José Enner, a quantidade de veículos não caiu muito, mas a permanência está menor. “Hoje, o prazo máximo é de 1h30”, comentou. Com isso, o faturamento caiu 30% em 2017, no comparativo com o ano anterior.
Para compensar, o estacionamento ampliou o espaço para as motos, que circulam em grande quantidade pelo hipercentro.
Localizado também no mesmo ponto há mais de 30 anos, o Augusto de Lima Estacionamento tem reduzido o preço dos serviços para manter a clientela.
Segundo o gerente José Rodrigues, a diária caiu de R$ 28 para R$ 25. “Já houve tempos melhores para o negócio”, destacou.
Diferença de valores entre os estabelecimentos supera 500%
Segundo a mesma pesquisa, os preços praticados nas quatro cidades acompanhadas pelo site Mercado Mineiro sofrem grandes variações. Nos contratos mensais, por exemplo, os valores vão de R$60 aR$ 400, com 556% de diferença entre o mais caro e o mais barato.
O pernoite pode custar entre R$10 e R$ 60, ou seja, uma oscilação de 500%. A diária vai de R$16 aR$70, uma diferença de 337%. Entre as frações, a de 15 minutos tem oscilação de 233%. A de 30 minutos, varia 166% e a de 45 minutos, 166,67%.
No MP Park, no Prado, região Oeste da capital, os serviços foram reajustados entre 12% e 15% no quarto trimestre de 2017, segundo o gerente Cássio Júnior Claver. Com localização estratégica e alguns diferenciais como bar e acesso a uma quadra de futebol na mesma área, a empresa aposta nos contratos mensais para garantir os custos fixos. “Também temos convênios com diversas empresas do entorno, com descontos para clientes desses estabelecimentos, por exemplo”, frisou.
Ele enfatizou que o mercado está retraído em função da grande concorrência. “Estamos trabalhando mais para pagar os custos fixos que para aumentar o faturamento, neste momento”, disse.
Menos tempo
Os clientes têm reduzido o prazo de permanência, mas, mesmo assim, o movimento está normal e, nos dias comuns, as vagas estão sempre ocupadas. O estacionamento tem quatro anos de funcionamento e 90 vagas.
No quesito segurança, os estacionamentos particulares são um diferencial para os clientes. No entanto, os motoristas têm optado por gastar menos com o serviço, de acordo com Feliciano Abreu.
O empresário Rogério Lucio Ferreira, 30 anos, não esconde a sua preferência em usar os estabelecimentos fechados. “Eu me sinto mais seguro em deixar o carro em um local fora das ruas. Tenho outros estabelecimentos de confiança no centro e em outros bairros, mas as paradas são mais breves, para economizar”, disse.
Fonte: Hoje em Dia - BH - 03/07/2018