Por Jorge Hori*
Novos polos urbanos, concentrados, verticalizados, com uso misto, com poucas vagas de estacionamento nos prédios e oferta das vagas em edifícios-garagens verticalizados. Este é o modelo agora instrumentado pelo projeto de lei que regula o parcelamento, uso e ocupação do solo, mais conhecido como Lei do Zoneamento.
A visão da atual Prefeitura do Município de São Paulo só se efetivará se o mercado aceitar e construir os novos empreendimentos segundo os desejos públicos.
Os novos empreendimentos nas zonas de transformação, aparentemente, estão em consonância com os objetivos públicos e as exigências menores de vagas poderão propiciar redução nos custos da construção e melhor utilização do coeficiente de aproveitamento.
Já a viabilidade dos edifícios-garagens não está clara, tanto em relação à demanda, como quanto às condições técnicas e operacionais.
De um lado, com a redução das vagas nos edifícios residenciais, comerciais ou mistos, haveria uma migração dos veículos para os edifícios-garagens. Mas o objetivo público não é esse, e sim o de desestimular o uso do carro, com transferências das locomoções para o transporte coletivo, que estaria disponível nessas novas centralidades. Com isso, o eventual excedente que ocorreria segundo os padrões atuais seria muito menor. Por outro lado, a distância do edifício-garagem das origens ou dos destinos dos motoristas poderia desincentivar o seu uso, reduzindo mais ainda a demanda potencial.
As vagas dos edifícios comerciais tenderão a ser inteiramente tomadas pelos próprios condôminos, com pouca ou nenhuma sobra para avulsos. Os avulsos terão que ir para os edifícios-garagens.
Os edifícios-garagens serão altamente verticalizados, o que envolverá tecnologias próprias. Já houveem São Paulouma fase com muitos desses edifícios-garagens construídos, mas foi interrompida com a preferência pelas garagens subterrâneas (nos próprios edifícios), com circulação por rampas.
Dentro das estruturas e níveis tarifários atuais, esses edifícios garagens serão economicamente viáveis?
* Jorge Hori é consultorem Inteligência Estratégicae foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
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