A conclusão é de um estudo do grupo de pesquisa de álcool, drogas e violência da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), apresentado dia 15 em seminário com autoridades e especialistas. Embora tenha comemorado a redução -atribuída à Lei Seca -, o pesquisador Julio Ponce, um dos autores do estudo, reconhece que o percentual ainda é alto. Ele observa, entretanto, que, em 2007, os mortos no trânsito estavam alcoolizados em 45% dos casos.
"O resultado geral é positivo, já que o período analisado começou apenas dez dias após o início da Lei", pondera. Os dados de agosto ainda não foram fechados pelo IML.
Para o especialista em segurança do trânsito da Universidade de Brasília (UnB) Paulo César Marques, ainda é cedo para tirar qualquer conclusão, embora ele considere "animadores" os dados dos três primeiros meses da Lei Seca.
A pesquisa aponta ainda redução das mortes no trânsito em relação ao total - eram 15%, em 2007; agora são 10%. A diminuição, entretanto, não é regra: nas mortes por atropelamento, o percentual de alcoolizados subiu de 31% para 52%.
Presente ao evento, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou que o governo estuda criar uma espécie de "lei seca" para outras drogas, como anfetaminas e antidepressivos, além de drogas ilícitas.
Dados preliminares da Senad (Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas) mostram que 2% dos motoristas tinham usado maconha, 1,7% usaram anfetaminas e 1,5%, cocaína, menos de 24 horas antes de dirigir em rodovias próximas a cinco capitais: Porto Alegre, Florianópolis, Cuiabá, João Pessoa e Maceió.
O estudo mostra ainda que 6% dos motoristas haviam bebido - metade em nível suficiente para ser considerado crime de transito. Para participar, os motoristas não são obrigados a se identificar nem sofrem punição.
Fonte: Folha de S. Paulo, 16 de setembro de 2008