É auspicioso o balanço da redução dos limites de velocidade nas marginais Tietê e Pinheiros, implantada há um ano. As estatísticas dos primeiros seis meses da medida mostram uma queda expressiva no número de mortos nas vias mais perigosas da capital. De acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego, no segundo semestre do ano passado registraram-se 21 mortes nas marginais, com redução de 46% em relação ao período correspondente de 2014, quando houve 39 vítimas.
A maior queda, de 61%, se deu na marginal Pinheiros, onde os óbitos caíram de 18 para 7. Imposta, não sem resistências, pela gestão de Fernando Haddad, a nova regra reduziu os limites de velocidade de90 km/hpara70 km/hna pista expressa, de70 km/hpara60 km/hna central e de70 km/hpara50 km/hna local.
A iniciativa espelha experiências de outras partes do mundo, em geral bem-sucedidas.
Entre as cidades que adotaram estratégia semelhante figura Nova York, que reduziu a velocidade máxima permitida em suas ruas de48 km/hpara40 km/h. No ano seguinte, a metrópole norte-americana contabilizou 231 mortos em acidentes automobilísticos, o menor número desde o início da série estatística, em 1910. Nas marginais paulistanas, contudo, as mudanças basicamente limitam-se ao controle da velocidade.
Após a redução de velocidade, triplicaram as multas aplicadas nas marginais. No primeiro trimestre deste ano, foram aplicadas 544 mil sanções, contra 170 mil no mesmo período do ano passado. Dados como esse alimentam a suspeita de que está em curso uma "indústria da multa", como acusa o Ministério Público. A melhor resposta que a prefeitura pode dar é traduzir esse aumento de recursos em iniciativas que tragam mais segurança para o trânsito da cidade.
Fonte: Folha de S. Paulo - 18/07/2016