Em nenhuma há sinalização informando o ciclista de que os trechos são periodicamente interditados. "Ficou uma situação engraçada, não é? Parece até rodízio para ciclista. Cada dia o cara fica proibido de andar em um ponto da ciclovia", diz Antônio Goes, 58, que reforma estofados na Rua Teodoreto Souto, bloqueada por barracas toda quinta-feira.
Ali, a feira ocupa mais de 400 metros da ciclovia. Aos domingos, as barracas interrompem o passeio das bicicletas na rua Inglês de Souza. Semirames Guerreiro, moradora do bairro, calcula que a feira está há quase 60 anos no local.
"Ninguém da prefeitura avisou nada para os feirantes. Parece que ninguém prestou atenção que tinha a feira aqui quando resolveu fazer a ciclovia", disse. Os feirantes temem perder o espaço para as bikes.
"Do jeito que está, a gente atrapalha os ciclistas ou os ciclistas atrapalham a gente. Espero não ter que sair daqui", diz Regina Iamagushi, 65, que há mais de dez anos trabalha na feira do cruzamento das ruas Estéfano e Cesário Ramalho, bloqueada às terças. O feirante Amadeu Carim, 52, reclama ainda dos tachões (conhecidos como tartarugas) que isolam a ciclovia da pista para os carros.
"A gente paga imposto justamente para a prefeitura. Então, acho que nada muda, a gente pode ficar aqui", argumenta ele, apontando para sua barraca sobre a ciclovia.
Planejamento
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) diz que seu planejamento para as ciclovias leva em conta outros equipamentos públicos da cidade, incluindo feiras livres.
A companhia afirma ainda que, eventualmente, pode solicitar o remanejamento ou a adequação da feira. Nos casos em que as passagens são interrompidas, o órgão recomenda que o ciclista desça da bicicleta e atravesse o trecho a pé, empurrando o veículo.
A CET informa também que irá instalar no local placas de sinalização para orientar ciclistas e feirantes. A meta da gestão Fernando Haddad é atingir 400 km de ciclovias na cidade até 2015. Desde o ano passado, foram feitos 79,7 km.
Fonte: Folha de S. Paulo, 2 de outubro de 2014