De acordo com a consultoria, o Brasil encontra motivações reduzidas para o desenvolvimento de carros elétricos do ponto de vista ambiental e de mercado, assim como da diversificação na matriz energética. Mesmo com a redução nos custos de produção, os motores elétricos seguirão, até 2020, duas vezes mais caros do que os tradicionais sistemas de propulsão alimentados por gasolina.
Como os consumidores são bastante sensíveis a preços e não há expectativa de cortes significativos de custos, o estudo da Maksen conclui que o mercado dificilmente levará ao desenvolvimento dessa tecnologia no Brasil.
A direção da filial brasileira da Nissan já defendeu que, para ter viabilidade, o preço de seu modelo elétrico, o Leaf, teria que estar próximo ao que se paga no país pelo Civic, o sedã da Honda. Contudo, ainda que retirados os impostos, a diferença de preços entre os dois carros está hoje perto de R$ 13 mil. Uma pesquisa da Deloitte indica que a maioria dos consumidores brasileiros - 65% - consideraria comprar um veículo elétrico apenas se o preço fosse igual ou inferior aos dos carros convencionais. Apenas 3% dos entrevistados consideraram aceitável pagar R$ 7 mil a mais por um automóvel do tipo.
Por isso, as montadoras não divergem ao dizer que, sem o apoio do governo, a introdução dos elétricos no mercado brasileiro se torna inviável. O trabalho da Maksen segue a mesma linha e mensura em R$ 1 bilhão os subsídios anuais necessários para viabilizar um mercado de 46 mil veículos elétricos por ano.
Liderar a corrida pela próxima tecnologia do automóvel seria, portanto, o único motivo que justificaria uma investida nesse mercado. Nesse caso, a Maksen lembra que as montadoras brasileiras já deram provas de liderança tecnológica com o desenvolvimento dos carros flex, que funcionam tanto com etanol como com gasolina. O problema é que alguns países - incluindo a China, mais competitiva em termos de custos de produção - já saíram na frente nas pesquisas sobre o carro elétrico.
Apesar disso, a posição dos sistemas de propulsão elétricos como a tecnologia predominante no futuro também começa a ser relativizada em outras partes do mundo, à medida que preocupações ambientais ficam em segundo plano entre as variáveis que influenciam na decisão de compra. Uma pesquisa elaborada pela KPMG com 200 executivos da indústria automotiva em 31 países indica que os motores de combustão interna estão à frente da tecnologia elétrica ou híbrida nos planos de investimento em pesquisa e desenvolvimento do setor.
Fonte: Valor Econômico (SP), 9 de janeiro de 2013