Ela diz que, assim, a margem de lucro das empresas pode cair, permitindo tarifas menores de pedágio. Nos contratos dos anos 1990, a taxa de retorno atingia 20%. Nos mais novos, desde 8%.
Das concessões antigas, afirma a Artesp, com exceção do sistema Anhanguera-Bandeirantes, todos tiveram demanda abaixo do previsto.
Leia trechos da entrevista:
Folha - Quais as mudanças nas concessões de rodovias?
Karla Bertocco Trindade - O modelo (anterior) é de uma realidade radicalmente diferente (nos anos 1990). Na época, transferiu-se todo o risco da concessão para o privado. O risco da demanda de veículos, de custo de obra, ambiental, desapropriação.
Quando passa todos os riscos para o lado de lá do balcão, ele aceita, mas cobra um prêmio maior por isso. Hoje há uma condição em que talvez eu possa compartilhar riscos. A conjuntura econômica permite previsibilidade. De repente não preciso mais jogar todos os riscos para o lado de lá do balcão.
Folha - Que riscos vocês pretendem compartilhar?
Para novos contratos até risco de demanda. O exemplo que vou dar é a Tamoios. É evidente que o Estado tem que partilhar esse risco. Há uma variável significativa ali, que é o porto de São Sebastião. Se eu for jogar (o risco) para o privado ("tanto faz, a ampliação do porto pode ou não ser concluída"), ninguém vai aparecer.
Na linha 4 do metrô, houve críticas de que isso seria capitalismo sem riscos. Não fica fácil fazer negócio com essa garantia do Estado?
São contratos de até 35 anos. A imprevisibilidade natural dos contratos de longo prazo é um risco.
Fonte: Folha de S. Paulo, 20 de agosto de 2011