Não conhecer o gesto e vergonha de levantar o braço no meio da rua foram os principais argumentos das pessoas. Na Rua Boa Vista, na frente da Associação Comercial de São Paulo, a administradora Mariane Araújo, confessou nunca ter ouvido falar no gesto do pedestre. "Eu não sabia desse gesto. Chegou a haver divulgação disso, com propaganda na televisão?", questionou. A resposta é não.
A Prefeitura publicou uma portaria com a orientação no Diário Oficial, começou uma campanha de rádio, mas as propagandas na TV ainda não foram ao ar.
Uma das duas pessoas que fizeram o gesto foi o autônomo Evandro Rodrigues de Souza. Ele trabalha na Rua Boa Vista e precisa constantemente atravessar de um lado para o outro da via. "A marronzinha daqui que me falou para erguer o braço esquerdo (na verdade, qualquer braço é permitido) e atravessar. Aí, eu comecei." Mas diz que já correu riscos por isso. "Teve um dia que um ônibus foi parar bem em cima, quase me atropelando. Mas o bom é que ele foi multado."
Pesquisa da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) realizada em julho mostrou que 48,6% dos pedestres ainda não conheciam o gesto da "mãozinha".
Ajuda nas multas
Na última semana, a companhia intensificou a aplicação de multas para motoristas que não respeitam a faixa - que resultou em uma autuação a cada dois minutos. Mas a própria CET, em nota, afirma que o gesto do pedestre precisa ser mais difundido, até para ajudar na hora da multa. "A CET recomenda aos pedestres que estendam o braço, mesmo onde houver agentes de trânsito. Nesses casos, a ação do pedestre vai ajudar o agente durante a interpretação do desrespeito à travessia das faixas."
A companhia afirma que a mudança de comportamento é contínua e que, por isso, leva tempo para se obter resultados. A CET também diz que o programa foi bem divulgado, em mensagens especiais nos boletos de IPTU, da Comgás e por meio de encartes publicados na imprensa.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 18 de agosto de 2011