Por Jorge Hori*
Brasília está em permanente crise política. Todo dia há novidades, geradoras de grande audiência nos jornais, nos canais pagos e manifestações na rede social. Para quem vive delas o Brasil está em grande ebulição.
A economia real parece ver o espetáculo de Brasília como uma novela interessante, melhor do que as "surradas" e "o mesmo de sempre" das novelas de televisão, acompanhando e até discutindo. Mas não mais que uma novela, que toma tempo, mas afeta pouco as decisões operacionais.
As compras no comércio estão lentas no global, mas distintas locacionalmente. O comércio de luxo está em grave crise. O comércio popular, movimentado e o intermediário, dependendo das promoções.
Os empregos estão crescendo lentamente, puxados para cima pelo agronegócio e para baixo pelas cidades em crise, principalmente o Rio de Janeiro.
Em São Paulo, o trânsito piorou embora ainda não haja medições satisfatórias da evolução, em função de mudanças metodológicas e nível de abrangência. Restam as impressões pessoais.
A piora no trânsito significa que mais pessoas estão se movimentando. E não seria por passeio, mas para trabalho, seja no seu local principal, seja em reuniões de trabalho. Essas seriam os principais motivos dos deslocamentos por automóvel. E que não são substituíveis pelo transporte coletivo, por falta de conexões e flexibilidade.
O problema maior dos estacionamentos não é a crise econômica. Essa já saiu da fase de recessão, entrou na de estagnação, com lenta recuperação. Mas poderá surpreender, com crescimentos mais elevados.
O mais crítico são os aplicativos de chamada de automóveis, já enfrentando crises e em processo de reestruturação.
A popularização dos aplicativos, promovida pelo Uber com uma predatória guerra de preços, já está em processo de desgaste, pelas restrições regulatórias em São Paulo. A principal delas é o corredor de ônibus, que pode ser acessado pelos táxis, mas não pelos uberistas.
Nos horários de maior movimento, o custo menor não compensa o desgaste de ficar parado no trânsito. O passageiro ainda tem a opção de usar o seu celular, tablet ou ler o jornal ou revista. O motorista não. O passageiro continua sendo beneficiado pelo menor custo. O motorista não. O taxista conta com a remuneração adicional da "hora parada" que recai sobre o passageiro. Mas quando pode usar o corredor o ganho de tempo reduz a incidência.
Dadas essas condições que obrigam o uberista a trabalhar com elevado stress, com a melhoria do mercado de empregos muitos voltarão à sua atividade principal ou permanente, deixando a prestação de serviços como uberista para complementar a remuneração, trabalhando fora das horas de pico.
O reflexo nos serviços de estacionamento será a continuação da redução dos serviços de valet, tornando-os antieconômicos. Ficarão restritos a atendimentos especiais, para eventos fechados.
Os estacionamentos junto aos escritórios irão recuperar parte da clientela, mas não inteiramente. Alguns conseguirão se recuperar. Outros não.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.