A Europa precisa aumentar muito a frota de carros elétricos nos próximos anos para atingir as metas locais de redução de emissão de CO2 propostas até 2021 e depois. Esse objetivo, contudo, está em risco. O alerta foi feito esta semana pela Acea, a Associação dos Construtores Europeus de Automóveis. A entidade alega que, apesar de todos os investimentos em lançamentos de novos veículos movidos a baterias, o número deles em circulação cresce de forma muito tímida: esses modelos representam apenas 1,4% das vendas na União Europeia (UE) e o avanço deles nos últimos quatro anos (2014-2017) foi de minguados 0,8%.
O motivo do desempenho pífio, segundo a Acea, é a limitada rede de recarga, que deixa consumidores inseguros para optar pelo carro elétrico. A entidade cita recente levantamento da EEA, Agência Europeia de Meio Ambiente, mostrando que os investimentos em infraestrutura elétrica veicular são insuficientes na maioria dos países europeus: apenas 10 dos 28 membros da União Europeia concedem incentivos específicos para a implantação de pontos para recarregar baterias.
A Acea alerta que esses investimentos devem ser acelerados para atingir as metas de redução de emissões de CO2, que no caso europeu são altamente dependentes do aumento das vendas de carros elétricos e outros meios alternativos de propulsão. “A infraestrutura suficiente de recarga é fundamental para dar às pessoas confiança de que veículos 100% elétricos são confiáveis para suas necessidades de mobilidade, enquanto a rede maior de postos reduz a ansiedade ligada à limitação de autonomia”, confirma a EEA em seu levantamento.
“Mesmo com todos os fabricantes expandindo suas linhas de carros elétricos, infelizmente nós vemos que a penetração de mercado desses veículos é muito fraca e desigual através da UE”, declarou em nota Erik Jonnaert, secretário geral da Acea.
“Consumidores procurando por uma alternativa ao diesel frequentemente optam por modelos híbridos a gasolina, mas resistem a fazer a mudança para os elétricos recarregáveis em larga escala. O levantamento da EEA confirma que uma densa e ampla rede de recarga na União Europeia é absolutamente necessária se quisermos que consumidores realmente abracem os elétricos”, complementou o dirigente.
A Acea adverte que as metas de redução de CO2 para depois de 2021, recentemente propostas pela Comissão Europeia, não foram devidamente conectadas com a viabilidade da infraestrutura de recarga. Nesse sentido, a Acea diz defender que qualquer objetivo climático futuro deve necessariamente levar em conta a estrutura disponível e a aceitação do consumidor.
Fonte: revista Automotive Business, 13/04/2018